Nesta semana, o Portal Musicult teve a oportunidade de conferir A Cor Púrpura, que estreia 08 de Fevereiro (quinta-feira) nos cinemas brasileiros.
A Cor Púrpura se passa no interior dos Estados Unidos e conta a história de Celie (Phylicia Pearl Mpasi e Fantasia Barrino), uma jovem negra do início do século XX apegada à que passa por abusos nas mãos dos diferentes homens presentes na sua vida mas se vê fortalecida por uma comunidade de mulheres excepcionais à sua volta e pela relação com sua irmã Nettie (Halle Bailey).
Em todas as suas diferentes adaptações, a história de A Cor Púrpura foi aclamada pela sua excepcionalidade. O romance de Alice Walker que inspirou as demais obras receu um Prêmio Pulitzer em Ficção (1983). A adaptação cinematográfica de 1985 foi dirigida por Steven Spielberg e contou com nomes como Oprah Winfrey e Whoopi Goldberg no elenco. Em 2005, a história ganhou os palcos da Broadway e se consagrou como uma das maiores produções teatrais da década. Em 2022, a peça passou pelo circuito brasileiro de teatro. Assim, é uma história com grande potencia. Cabia ao diretor a tarefa de saber potencializá-la e tornar o filme uma experiência espetacular.
Felizmente, o cineasta Blitz Bazawule, que também co-dirigiu o álbum visual Black Is King ao lado da cantora Beyoncé, mostrou-se uma excelente escolha. Conduzindo a narrativa com maestria, Bazawule consegue criar uma atmosfera contagiante e realista e estabelecer um ritmo apropriado par a atrama, nem lento nem apressado) para a trama, em meio a uma mistura musical de blues, jazz e gospel que permeiam as cenas.
A escolha por desenvolver o filme como um musical, é acertada, uma vez que contribui para o contraste ideal entre drama e leveza, sofrimento e humor, de forma cativante e encantadora, além de conferir maior dramaticidade e dinamismo aos diálogos e gestos ao longo do filme. O filme trata com delicadeza de questões profundas como: amor-próprio, racismo, violência, machismo, amor, independência e família.
A Cor Púrpura conta com um verdadeiro show de atuações, sobretudo de Celie (Fantasia Barrino), Albert “Mister” (Colman Domingo), Sophia (Danielle Brooks) e Shug Avery (Taraji P. Henson). Ainda em relação à atuação, é interessante a forma como o filme apresenta protagonistas femininas drasticamente diferentes entre si, mas cada uma inspiradora à sua maneira.
O filme não tenta modificar a trama, já conhecida pelo público mais velho, preferindo desenvolver os elementos já existentes na narrativa de Spielberg à rejeitá-los. Entretanto, quatro décadas depois, o filme tem liberdade para explorar arcos como o de Shug, por exemplo, de uma forma que era apenas sugerida antes. A presença constante da música, já mencionada anteriormente, é outro fator que destaca o filme da obra cinematográfica anterior e a torna até mesmo mais esperançosa e leve, com destaque para I Am Here, What About Love, Hell No! e Miss Celie Pants. A trilha sonora oficial do filme traz nomes como Mary J. Blige, Ludmilla, Ciara, Missy Elliot, H.E.R, Timbaland e Megan Thee Stallion.
Trata-se, portanto, de um filme emocionante e envolvente que décadas depois de sua primeira adaptação para os cinemas continua sendo atual e relevante, emocionando o espectador do início ao fim.
“Posso ser negra, posso ser pobre, posso até ser feia, mas estou aqui”, são as poderosas palavras de Celie que embalam as cenas do filme e a movem na sua jornada até a descoberta do amor-próprio.
Confira o trailer abaixo: