No fim de semana dos dias 20 e 21 de janeiro, o cantor Jão, natural de Américo Brasiliense, uma cidadezinha com pouco mais de 30 mil habitantes, confirmou que veio para ser uma superestrela da música brasileira com a estreia da SUPERTURNÊ.
Com canções autorais do seu álbum Super e dos trabalhos anteriores, levou milhares de fãs à loucura com um show de estrutura magnânima, nunca vista em um projeto de artista masculino solo.
No último show da turnê Pirata, em dezembro de 2022, no qual estivemos presentes, Jão anunciou que iniciaria sua próxima turnê no Allianz Parque e que contaria com a presença de todos os fãs.
Em agosto de 2023, o Portal Musicult também compareceu à audição que ocorreu no Auditório do Ibirapuera, um dia antes do lançamento oficial do disco. No evento já havia sinais de que seria um trabalho de deixar qualquer um boquiaberto. E foi, ou melhor, está sendo.
Os números incríveis de SUPER
Desde a estreia do álbum, que contou com 8,5 milhões de plays no Spotify, já imaginávamos que Super seria um sucesso. Uma prova foi o show piloto no The Town, em 10 de setembro de 2023, que deu o que falar com o tamanho da estrutura montada em apenas 40 minutos, já com parte da identidade visual da nova turnê.
Não foi diferente com os shows oficiais. Em São Paulo, os ingressos para a primeira data (20) esgotaram em três horas e foi necessário liberar uma segunda apresentação (21), que também se esgotou.
Nas demais cidades em que a Superturnê passará, Rio de Janeiro também não tem mais ingressos disponíveis. E hoje, 23 de janeiro de 2024, o músico já confirmou o terceiro show no Allianz Parque, dessa vez em janeiro de 2025, afinal foram 90 mil pessoas lotando o estádio.
SUPERTURNÊ em São Paulo: um setlist dividido em 4 atos
Em uma carta publicada em seu Instagram antes do lançamento do álbum, Jão também já havia dito que Super encerraria essa etapa da sua carreira, correspondente à década dos seus 20 anos (que acaba no próximo dia 3 de novembro, quando completará 30 anos). Ele também revelou que cada um dos quatro álbuns representava um dos quatro elementos: terra, ar, água e fogo, respectivamente.
As canções foram dispostas mesclando todos os álbuns, estando a abertura a cargo do começo de Rádio, seguida de Escorpião e depois A Rua. Os atos foram anunciados de acordo com as projeções que interagiam com os elementos.
No segundo dia (21), coincidentemente, a chuva caiu no exato momento de transição para o elemento água, no qual as projeções exibiam um céu chuvoso. Aliás, a chuva esteve presente nos dois dias, porém não parou o cantor, que seguiu o espetáculo como se já contasse com quaisquer imprevistos climáticos.
Confira a sequência das canções e a divisão dos elementos, que renderam 2h30 de show.
Abertura
Escorpião
A Rua
Essa Eu Fiz
Doce
Interlúdio – Terra
Imaturo
Gameboy
Rádio
Monstros
Vou Morrer
Sinais
Interlúdio – Ar
Última Noite
Nota de Voz
Momento Zebu piano
Acontece
Julho
Interlúdio – Água
Santo
Idiota
Lábia
Locadora
EXTRA fãs escolhem
Meninos e Meninas
Olhos Vermelhos
Interlúdio – Fogo
Eu Posso Ser
Se O Problema
Maria
São Paulo, 2015
Pilantra
Me Lambe
Super
Alinhamento Milenar
Produção magnânima
Quem compareceu ao Allianz Parque se deparou com um espetáculo de nível internacional, com projeções gigantescas que apresentavam artes que amarravam a narrativa das canções do setlist.
De acordo com Pedro Tófani, diretor de arte da turnê, em uma publicação em seu Instagram no domingo (21), “quando Jão começou a fazer o primeiro disco (Lobos, 2016), ele decidiu fazer um ciclo de quatro, que se entrelaçariam e contariam uma mesma história. E também, desde essa época, ele falava que seu maior sonho era fazer um show dele em um estádio […]”.
Jão surpreendeu. Ele realizou seu sonho e de quebra lotou o estádio por dois dias seguidos, feito que nenhum artista solo masculino com menos de 30 anos havia realizado até então.
A estrutura
O Palco contava com dois telões centrais mais altos (envolvidos por um dragão branco gigante), um telão no fundo do palco e outros dois nas laterais, que formavam imagens panorâmicas, ajudando a contar essa história cunhada pelos álbuns.
Além disso, uma passarela que levava a um outro palco dividido em dois nichos, nos quais havia espectadores, que tornaram tudo ainda mais grandioso e trouxe o movimento de Jão para perto da plateia.
Com o palco gigantesco, muitos fãs chegaram a pensar que Jão teria preparado um ballet para acompanhá-lo e, assim, preencher o espaço. Entretanto, a estratégia do artista foi trazer sua banda para perto, fazendo com que os músicos interagissem mais com a plateia e caminhassem também com ele pelo palco em algumas das canções.
A interação com a banda foi bastante teatral, eles eram parte do show e não ficaram apenas no fundo com seus instrumentos.
As pulseiras de led, que se tornaram uma verdadeira atração em grandes shows desde Coldplay, também conversaram com os jogos de luzes e temáticas expostos no palco e fizeram da experiência única.
Um edifício no palco
Outro detalhe que enriqueceu a produção foi o momento em que Jão foi “abduzido” e surgiu no topo de um prédio. A relação paradoxal com a megalópole rendeu uma megaprodução.
Jão foi içado até o topo dos telões centrais em um cabo de aço, lembrando a capa do seu segundo álbum, Anti-herói, ao som da canção “Sinais”. Lá em cima, abrindo o segundo ato, ligado ao elemento Ar, cantou Última noite e a projeção que o acompanhou foi a de um edifício, no qual ele estaria no terraço e nas laterais foi projetada uma vista panorâmica da cidade de São Paulo à noite.
Quem diria que o menino do interior que se mudou para São Paulo a fim de cursar Publicidade e Propaganda na USP, em tão pouco tempo ganharia tamanha relevância no mercado musical brasileiro? Logo em São Paulo, a cidade que o acolheu e ao mesmo tempo tirou tudo dele, como relatado nos versos de São Paulo, 2015.
Público interativo
A partir dos 60 minutos faltantes para o início do show algumas interações aconteceram, como a Super Cam, que captou fãs antes do show e os exibiu nos telões laterais ao som de Alinhamento Milenar.
Quando faltavam 30 minutos, um vídeo da backing vocal Francine Môh foi exibido, no qual ela pedia que os fãs escolhessem uma entre duas músicas listadas para completarem o setlist. A cada show, duas músicas que ficaram de fora do set fixo são apresentadas, dando esse tom de surpresa, assim como fez Taylor Swift, de quem Jão é fã e tem como referência artística, como ele mesmo já declarou.
No dia 20, as canções que participaram da votação foram Triste pra sempre e Aqui, sendo a primeira a vencedora. No dia 21, Barcelona foi a escolhida, ganhando de Clarão.
Acostumado a escrever cartas abertas aos fãs, há um outro momento de interação do público no qual Jão diz que escreveu uma carta para cada show da turnê e que entregará uma delas para um fã presente naquele dia. A carta não é lida em público, a pessoa que a recebe em mãos a tem fechada em um envelope. Fica a curiosidade aí no ar para quem não recebeu a carta.
Transmissão ao vivo e os próximos shows
No dia 21, o espetáculo foi transmitido ao vivo no canal pago MULTISHOW e no serviço de straming Globoplay, com sinal aberto inclusive para não assinantes.
Nos próximos meses Jão passará pelas cidades Curitiba, Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Florianópolis, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Recife, Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro (esgotado), Belém e Manaus.
A Supertunê estreou com tudo e elevou a qualidade dos shows de artistas nacionais. Jão trouxe a arte e a composição intrínsecas ao seu eu, uma arte visceral que conseguiu combinar identidade e mercado, fazendo do jovem cantor esse sucesso que faz tantas pessoas se identificarem.
O nosso sofredor preferido pode se orgulhar e seguir muito feliz, pois seu trabalho se tornou um exemplo de bom gosto, competência, arte, produção e, principalmente, satisfação pessoal.
2 thoughts on “Jão estreia SUPERTURNÊ, que faz jus ao nome”