Que a turnê Titãs Encontro era para dizer “adeus” a gente já sabia, mas quando a hora chega o coração aperta. É assim que inicio esse texto em primeira pessoa sobre a minha experiência na turnê de encontro de uma das maiores bandas do Brasil!
O Musicult já havia feito a cobertura do segundo show desta reunião em São Paulo, com outra repórter, e a resenha você pode ler aqui. Desta vez, contarei como foi a minha experiência na turnê de despedida do Titãs Encontro. Como uma boa brasileira nascida nos anos 90, sempre sonhei em ver um show com a formação clássica do Titãs, mas mesmo em sonho parecia ser muito distante. Assim que a turnê de encontro foi anunciada com praticamente todos os integrantes da formação clássica, não tive dúvidas, precisava ir a pelo menos um show. Neste ponto acredito que muitas pessoas se identificaram comigo, afinal, o Titãs rodou o Brasil e precisou abrir diversas datas extras devido à alta demanda – todo mundo queria viver essa experiência.
Branco Mello, Sérgio Britto, Paulo Miklos, Tony Bellotto, Charles Gavin, Arnaldo Antunes e Nando Reis chegam à etapa final da turnê, que contou com três últimos shows São Paulo nos dias 21, 22 e 23 de dezembro, em São Paulo, e eu pude compareceu ao primeiro deles, na quinta-feira dia 21. No meio da semana e ainda bem próximo ao Natal é aquela correria na cidade, então pensem num trânsito para chegar ao Allianz Parque, mas consegui chegar a tempo do show. Infelizmente, não pude ver a banda de abertura, mas notei que o estádio já estava lotado.
Assim que entrei no estádio já me deparei com a megaestrutura que o Titãs trouxe para esta turnê, um palco com 5 telões enormes, sendo um no centro e dois em cada lateral do palco. Geralmente ver show pelo telão não é a experiência mais agradável, mas eles fizeram isso se tornar legal mesmo para quem estava mais distante, pois cada telão focava em membros diferentes da banda, simplesmente uma experiência imersiva e muito enriquecedora em termos de audiovisual. Mas vamos ao que interessa, né? E o show?
Cedo demais para dizer adeus
Não é segredo que ao subir no palco, os integrantes fazem uma espécie de estátua em frente a um telão todo branco, contrastando com a sobra deles. É um momento mágico, eu já tinha visto em vídeos, mas ver ali pessoalmente me arrepiou, era o começo de uma noite de celebração. Celebração da história da banda, da história de cada um dos integrantes, celebração dos fãs que estavam realizando um sonho de ver novamente, ou pela primeira vez, aqueles caras juntos fazendo um som pesado e celebração do agora porque a gente nunca sabe o dia de amanhã e se é realmente cedo ou tarde demais para dizer adeus. Celebrar é uma festa e festa lembra “Diversão“, que inclusive foi a primeira música da noite, com Paulo Miklos nos vocais, já levantando o público para emendar com “Lugar nenhum” na voz de Arnaldo Antunes.
Quando Arnaldo Antunes assumiu os vocais foi o primeiro momento em que pensei realmente “é, é isso, eu to vendo um show dos Titãs com a brasilidade de Antunes” – sim eu me animei, afinal quando ele deixou os vocais da banda eu tinha apenas 1 aninho de vida e não pude comparecer quando eles fizeram show comemorativo de 30 anos.”
Em seguida, “Desordem” com Sérgio Britto nos vocais e nesse momento vi muita gente cantando com muita vontade, mas o momento de emoção mesmo estava por vir com Branco Mello conversando com o público, falando por falto sobre as cirurgias que fez. Para quem não sabe, Mello precisou fazer cirurgias para a retirada de um tumor na língua. Essas cirurgias afetaram a voz dele, que brincou “agora tenho uma nova voz sexy” antes de cantar “Tô Cansado“, coisa que claramente ele não estava, aliás a presença dele é sempre muito notória porque carrega a alma dos Titãs. Em seguida, outro momento muito esperado pelos fãs: Nando Reis assume os vocais para cantar “Igreja” e que voz, que presença, que músico!
De forma geral, todas as performances de integrantes e ex-integrantes foram especiais. Talvez pelo clima de reunião, celebração e um quê de despedida. Por mais que muitas das músicas já são no mínimo trintonas, mas de certa forma o repertório continua atual.
“Homem Primata” foi uma das primeiras que fizeram o público do Allianz cantar em coro junto com a banda. Sérgio Britto, que estava nos vocais já aproveitou pra emendar com “Será que é isso o que eu necessito?“, que não estava na setlist nos primeiros shows da turnê em São Paulo. Outra que também não estava nos primeiros shows foi “Nem sempre se pode ser Deus“, cantada por Branco Mello.
O show seguiu para um set de músicas acústicas que contou com “Epitáfio“, “Os cegos do castelo” e “Pra dizer adeus“, nem é preciso dizer que esse foi o momento em que todo mundo no Allianz abriu mão da bateria no celular e ligou as lanternas, né? Ainda no set de acústicas, uma convidada especial: Alice Fromer (filha do ex guitarrista Marcelo Fromer que faleceu em 2001) cantou “Toda cor” e “Não vou me adaptar” em dueto com Arnaldo Antunes.
Diversas músicas fizeram a alegria do público nesta noite especial, para mim, o ponto alto foi dividido em momentos como “Comida“, “Cabeça dinossauro” e músicas do set 2 (mesclando sucessos absolutos com músicas lado B) como “Família“, “Domingo“, “Flores” e claro, as pancadas “Porrada“, “Polícia” e a minha favorita “Bichos Escrotos“. Aliás, nestas três últimas eu me desfiz da minha skin de jornalista e fui pular com uma galera que estava na lateral da grade, afinal eu também sou gente.
O show começou a se encaminhar para o Bis com “Miséria“, a arrepiante “Marvin” na voz de Nando Reis e, claro, o maior sucesso da banda “Sonífera Ilha“, que fez todo o estádio cantar. Enquanto faziam agradecimentos e deixavam o palco, a música “A melhor banda de todos os tempos da última semana” foi tocada.
A banda Titãs tem uma longa carreira de sucesso, com altos e baixos, muitas mudanças na formação e muitos hits na conta. Praticamente todos os músicos têm seus projetos fora da banda, alguns de muito sucesso como o Nando Reis e o Arnaldo Antunes, então é de se esperar mesmo que a reunião não dure para sempre, eles precisam voltar para suas realidades, mas custava ficar mais uns aninhos? De repente gravar mais discos…
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