Paul McCartney era apenas um garoto de 19 anos quando se apresentou no Cavern Club, em Liverpool, ao lado de seus parceiros de banda, os Beatles. O que veio depois desse dia é história e vocês já estão cansados de saber. Hoje, aos 81 anos, Paul poderia viver tranquilamente onde quisesse sem precisar viajar o mundo cantando as mesmas canções que cantava desde que tinha 20 e poucos anos. Mas ele preferiu fazer o contrário… e ainda bem.
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No último dia 9, pude conferir pela primeira vez o show do músico, ou melhor, da lenda viva, que já veio ao Brasil outras vezes, mas ainda não com a turnê Got Back. E fosse pela primeira ou pela nona vez, qualquer pessoa que viu o show da turnê mais recente se emocionou, apesar de que, pela grandiosidade (e simplicidade) de Paul McCartney, ele merecia ainda mais emoção da parte das pessoas. Vamos direto ao resumo do show que eu explico.
Paul McCartney no Allianz Parque: o show do dia 9 de dezembro
Um estádio lotado e pouco antes das 20h30, depois de imagens clássicas dos Beatles mostradas no telão, Paul e sua banda sobem ao palco iniciando com “A Hard Day’s Night”, clássico que colocou o Allianz inteiro para cantar.
Apesar da empolgação inicial, as faixas seguintes, “Junior’s Farm” e “Letting Go”, da fase Wings, já não foram cantadas com tanta força e o mesmo aconteceu em diversas outras que estavam no setlist de Paul, mas faziam parte da sua vida pós-Beatles.
Em compensação, qualquer música dos garotos de Liverpool era um sucesso entre o público, que incluiu beatlemaníacos de todas as idades – era possível ver crianças, adolescentes, jovens de 20 e poucos anos e muitos idosos.
O setlist incluiu 37 músicas, totalizando quase 3 horas de show. Ver isso de uma pessoa que, como disse no começo do texto, não precisava mais se apresentar para manter seu status de lenda do rock ou até mesmo por dinheiro, é realmente emocionante. Paul ama música, ama se apresentar e não à toa é um showman por si só.
Durante a apresentação, Paul avisou que tentaria falar um pouquinho em português, mas esse “pouquinho” foi muito além dos clássicos “obrigado” e “eu te amo” que todo músico internacional decora ao vir pra cá. McCartney falava em português a cada música, dedicando “Here Today” para seu “parça” John Lennon e “Something” para seu “mano” George Harrison.
Já se referindo a si mesmo, Paul avisou “o pai tá on”…. e tava muito on mesmo, viu? Ao longo do show, Paul tocou guitarra, violão e piano, falou pouco entre uma música e outra, colocou todo mundo pra dançar em “Dance Tonight” (inclusive aqui é preciso abrir um parêntese para seu baterista, Abe Laboriel Jr., que deu um show de carisma e de dancinhas) e emocionou e encantou com momentos como “Blackbird”, em que uma plataforma surgia do palco e deixava Paul mais alto que o restante da banda.
O show também tem seus momentos políticos, com as cenas de passeatas no telão em “Let’ Em In” e as bandeiras do Brasil, do Reino Unido e dos direitos LGBTQIAP+ sendo hasteadas no fim da primeira parte do show.
Depois, Paul voltou ao palco para as últimas canções e isso incluiu uma projeção de John Lennon no telão para o dueto dos fundadores da maior banda de rock da história em “I’ve got a feeling”.
Com tudo isso, escolher o melhor momento do show é díficil, mas a tríade “Let it be”, “Live and Let Die” – que incluiu um show de fogos de artíficio e pirotecnia – e “Hey Jude” foi maior do que imaginei que seria.
No fim, chega a ser irônico o que vou dizer, já que estou escrevendo sobre isso, mas é quase impossível descrever os sentimentos que um show de sir Paul McCartney desperta em quem não só vê ali em cima um ex-Beatle – e espera que ele toque apenas as músicas do grupo – e sim um músico que não precisava estar ali, mas está, feliz, gigante, e que também não precisava falar nem uma palavrinha em português para demonstrar seu carinho ou levar sorrisos ao público. Mas faz isso e muito mais… Maybe, I’m amazed pós show de Paul McCartney… mas quem é que não fica, né?
Ps.: E deixando todo mundo com uma interrogação na cabeça, muitos acreditavam que essa seria a turnê de despedida, mas Paul foi embora dizendo que nos vê numa próxima. Então, se você não foi em nenhum show dessa tour, a dica é que se ele voltar, você não deixe a oportunidade de ver Paul McCartney ao vivo pra depois.