É difícil colocar em palavras o espetáculo que Roger Waters, acompanhado de 9 músicos que compunham sua banda apresentaram, junto com toda sua equipe que fazem o áudio e vídeo do show serem fantásticos, mas vale a tentativa de contar alguns detalhes dessa maravilhosa noite que todo o público presente no Allianz Parque pôde acompanhar.
Apesar da extrema onda de calor que a cidade de São Paulo recebera no dia, os fãs não se intimidaram, colocaram suas camisetas pretas de Roger Waters e da sua clássica banda Pink Floyd, e, antes mesmo do artista subir ao palco, já aplaudia, vibrava e fazia a famosa “ola” na arquibancada e na pista do estádio.
Quando Roger Waters subiu ao palco, as 20h20, as pessoas ao redor pareciam todas hipnotizadas com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo, e também com a absurda qualidade sonora da banda.
Por um momento, enquanto assistia ao show, pensei comigo mesmo que toda psicodelia atribuída ao Pink Floyd e ao rock progressivo em geral tinha sido “deixada de lado” por Roger Waters, pois todas as imagens nos quatro telões que compunham o palco, quanto o som, que vinha de absolutamente todos os lados do estádio, algo raríssimo de se ver em apresentações ao vivo, que normalmente seguem um padrão sonoro de esquerda, direita e centro, requeriam muita atenção do público, então, cheguei a conclusão de que o show de Roger Waters é coisa para se ver sóbrio, que era o meu caso naquele momento, e acredito que consegui consumir toda aquela experiência. Mas acredito que, quem viu aquele show curtindo uma belíssima viagem de LSD ou um daqueles cigarros artesanais perfumados que víamos rodando pela pista, também não devem ter se arrependido, mas, talvez, perdido alguns dos importantes detalhes que Waters e seu grande time traziam aos expectadores a cada música.
As histórias e o legado de Roger Waters e o Pink Floyd
Roger Waters e banda começaram o show apresentando canções do álbum “The Wall”, em sequência “Comfortably Numb”, “The Happiest Day of Our Lives” e “Another Brick in the wall” pt. 2 e 3, levando o público ao êxtase. Depois de conquistar os mais nostálgicos com as canções do clássico álbum do Pink Floyd, Waters apresentou algumas canções de sua carreira solo e quando chegou a canção “The Bar”, Roger deixou claro que sua intenção com aquela apresentação era fazer com que o público brindasse com ele todas histórias que seriam contadas naquela noite, como histórias são contadas em uma mesa de bar.
Após isso, veio a fase “Wish you were here”, onde Roger, em uma emocionante passagem que começa por “Have a Cigar”, uma das músicas mais “Rock n’ roll” clássico do Pink Floyd, passa por “Shine on your crazy diamond”, até chegar à linda história de amizade dele com Syd Barret e como o músico foi abandonando aos poucos o sonho dos dois, de ter o Pink Floyd juntos.
Nesse momento, a emoção me tomou e tive que segurar as lágrimas enquanto meu corpo se arrepiava todo ao ouvir “Wish you were here” e a história era contada nos telões do palco. Sem dúvidas, este é o momento mais bonito e emocionante dos shows dessa turnê.
Logo após, Roger faz uma breve passagem pelo álbum “Animals”, com a canção Sheep, que tem a aparição do primeiro animal voador no cenário do show. Uma grande ovelha inflável passeia sobre o público enquanto Waters e banda tocam a canção de aproximadamente 11 minutos, tempo suficiente para a ovelha “passear” por cima de todo o estádio, para encerrar o primeiro ato desse espetáculo.
Uma pausa de aproximadamente 15 minutos foi feita, o que eu julguei que iria causar uma dispersão maior do que causou, pois, ao voltar numa cadeira de rodas enrolado numa camisa de força, Waters novamente roubava todas as atenções para si e iniciava o segundo ato com mais “The Wall”. Dessa vez, foram “In The Flesh” e “Run Like Hell” as responsáveis por sacudir o publico, enquanto um porco inflável gigante passeava pelo Allianz Parque com as mensagens “You’re up against the wall right now”, “He’s mad, don’t listen”.
Após finalizar mais uma passagem pelo The Wall, Roger Waters tocou mais algumas canções de seus trabalhos solos como “Déja Vú” e “Is this the live we really want”.
Waters e banda se encaminhavam para o momento mais esperado da noite, onde interpretaram músicas do incrível “The Dark Side Of The Moon”. Começando com “Money”, a música que mais se pôde ouvir o público cantar a plenos pulmões, tão alto que se confundia a voz do músico da banda de Roger Waters.
Logo após, “Us and Then”, “Any color you like”, “Brain damage” e “Eclipse”, uma atrás da outra, levaram o público a momentos de muita emoção e nostalgia. Para fechar o show, Waters relembrou novamente “The bar”, brindando com a banda toda e oferecendo o brinde ao público que estava presente no Allianz Parque e, para fechar, “Outside the wall”, com direito à apresentação de todos os integrantes da perfeita banda de Waters e filmagens de toda a banda reunida no backstage celebrando a passagem da turnê “This is not a drill” pelo Brasil.
E assim, o show se encerrou, e tive a certeza de ter visto um dos melhores shows da minha vida, não só por ser o Roger Waters e sua forte atuação como um músico ativista político, mas também pelo quanto aquilo tudo foi extremamente bem pensado e produzido, o quanto tinham músicos talentosos em cima do palco, além de toda equipe de audiovisual que produziu um lindíssimo show de imagens que contaram diferentes histórias durante todo o show, e só me restou agradecer por ter visto tudo isso de perto e desejar vida longa a Roger Waters e todo legado do Pink Floyd na música.
>>Confira aqui outras resenhas de shows no Musicult