
Polara (Foto: @olhotorto)
Ninguém aguentava mais esperar, afinal foram longos 15 anos, mas, finalmente, o novo disco da Polara está entre nós! No dia 7 de novembro, a banda, composta por Carlos Dias (vocal e guitarra), Mario Cappi (guitarra), André Satoshi (baixo) e Fernando Cappi (bateria), disponibilizou nas principais plataformas de streaming seu novo álbum, “Partilha”.
Em dez faixas que totalizam pouco menos de meia hora, o novo projeto mescla experiências e vivências mais recentes, com a sonoridade característica da banda paulista.
Como bons veteranos da cena musical, o impacto de “Partilha” foi instantâneo. Muitos dos fãs, através de mensagens nas redes sociais, demonstraram grande empolgação com a notícia. Mas eles não foram os único, já que os próprios integrantes do Polara também se mostram bastante animados por poder partilhar toda a experiência de seu novo trabalho com o público.
Portanto, para saber um pouco mais sobre o álbum e sobre o momento atual da banda, o Musicult conversou com Mario Cappi, guitarrista da Polara. Confira abaixo:
Entrevista – Polara
“Partilha” é o primeiro álbum que vocês lançam em muitos anos, portanto gostaríamos de saber um pouco mais sobre o processo criativo de “Partilha”. As músicas foram sendo pensadas durante esse grande período ou houve algum momento mais “decisivo” em que vocês se juntaram e começaram, de fato, a elaborar esse novo projeto? Ainda em relação a esse processo, o que mudou e o que segue igual na interação dos integrantes da banda quando pensamos na elaboração das músicas?
Mario Cappi: Esse disco é nosso primeiro LP desde o “Inacabado” de 2008. Foi gravado em 2022 e lançado em 2023, então são 15 anos sem lançar um long play. Em 2021 gravamos uma demo com a Nico na bateria (lançada digitalmente e tb em vinil pelo selo Yeah You) que contém algumas músicas presentes no “Partilha”.
Acho que essa demo foi uma espécie de impulso pra criação do “Partilha”. Ela deu muito gás e nos colocou no rumo direto pra podermos gravar um disco novo inteiro.
O processo de composição foi talvez o mais rápido que já fizemos. Quando decidimos que iríamos gravar, resolvemos marcar datas semanais no estúdio de ensaio (Quadrophenia) para finalizarmos algumas ideias e começarmos do zero outras.
O incrível é que às vezes num ensaio para terminar um som, a gente já começava e terminava outro. Isso agilizou o processo, além do Carlos ter bastante coisa escrita, o que facilitou muito também.
Coletivamente, estruturamos tudo e quando achamos que a coisa estava sólida, decidimos marcar a gravação (no estúdio El Rocha) e já combinamos com o selo (Burning London) que nosso material estava bem encaminhado.
Alguns meses depois dos ensaios que serviram pra compor quase tudo, nós tínhamos um disco completo. Com novas canções que achávamos fortes, consistentes e mereciam ser lançadas.
Nas músicas do Polara, a nostalgia e, talvez, até uma certa “estranheza com o momento atual” já eram temas abordados. Esses temas parecem ter sido ainda mais aprofundados no “Partilha”. Como é para vocês mergulhar ainda mais nesses sentimentos, considerando que agora têm mais tempo de carreira e já viveram ainda mais coisas que acentuam essa abordagem?
Mario Cappi: Eu acredito que conforme os anos vão passando e vamos ganhando experiência, vivência, a gente consegue lidar com certas coisas de um jeito mais tranquilo, dar mais espaço pras coisas acontecerem naturalmente, sermos menos ansiosos. Sinceramente, não vejo tanto a nostalgia nos nossos temas. Percebo mais tanto o Carlinhos quanto eu, contando histórias que têm mais a ver com nosso momento atual, mais do que uma visita a um passado confortável, quente e acolhedor… que às vezes mora numa fantasia. Não somos aqueles caras que falam “Na nossa época isso ou aquilo eram melhores…“, porque esse momento agora é nossa época. São esses os nossos tempos e estamos fazendo o que gostamos e sabemos fazer. Portanto, o espaço pro saudosismo ou nostalgia fica mais como um personagem coadjuvante, talvez um pano de fundo, um subtexto que serve às vezes, talvez, de suporte pra falarmos do agora, que é o que verdadeiramente importa.
As músicas de “Partilha”, muitas vezes, parecem ultrapassar a barreira do som e criar imagens mentais sobre espaços e sentimentos. Alguns espaços da cidade são retratados de forma que os moradores (e visitantes mais atentos) conseguem vivenciar em suas mentes o momento estabelecido. Poderia falar um pouco mais sobre a importância dessas construções imagéticas para a banda?
Mario Cappi: Sim, isso é verdade. Nós temos uma relação extrema com a cidade que nos cerca. São Paulo é uma cidade que você ama ou odeia, não há como passar batido por ela. Alguma impressão ela vai te causar. E nunca é morna. Eu particularmente adoro a cidade, mesmo sabendo de seus inúmeros problemas e defeitos. Percebo uma miríade de qualidades e possibilidades que vêm juntas no pacote também. Acho São Paulo muito inspiradora em diversos aspectos, pra um músico/escritor pode ser um prato cheio. E invariavelmente, o que dela nos afeta, acaba indo parar em nossas composições. Mesmo não estando às vezes na parte lírica, está provavelmente na instrumental.
Agora voltando a falar do lance das imagens que você citou acima, pra finalizar, eu acho que muitas letras conseguem descrever a cidade e seu dinamismo, sua confusão e suas oportunidades. Situações que beiram o absurdo e detalhes extremamente comuns, mundanos e cotidianos. São como informações pictográficas que o Carlos consegue fazer muito bem, e eu tenho feito também em algumas letras que venho escrevendo recentemente.
Já foi dito que durante a produção do álbum, as influências musicais dos integrantes da banda foram importantes para sua construção. Atualmente, percebemos que a Polara é inspiração para novas bandas e artistas da cena – em algumas, a influência já foi confirmada pelos próprios integrantes (Lupe de Lupe, Raça etc.), em outras, a influência é explicitada pela sonoridade. Como vocês se sentem em relação a isso e ao dividir palcos e espaços com esses artistas?
Mario Cappi: O Polara é uma banda veterana, apesar de agora estarmos com uma formação nova (o baterista Fernando Cappi/Hurtmold se juntou ao grupo pouco antes da gravação do “Partilha”… a formação atual é o Carlinhos, Sato, eu e o Fernando). Essa longevidade fez com que bastante gente, no decorrer de tantos anos, tivesse acesso aos sons e shows da banda. Como a gente sempre levou o lance de tocar e escrever a sério, a ponto disso ser o que fazemos de nossas vidas, eu acho que quem ouve e gosta sente isso também… que nós estamos 100% ali, que aquilo é importante. Isso pra quem está formando uma banda é fundamental. Eu digo por mim, por que passei por isso quando formei minhas bandas. Quando assistia a um show em que era contagiado pela energia de quem estava no palco, eu me sentia completamente conectado.
E a gente fica bastante lisonjeado quando um pessoal vem dizer que somos influência pra eles. É bem legal isso. Nós já dissemos coisas parecidas sobre bandas que nos influenciaram e ainda influenciam. Além disso, as bandas citadas acima como a Lupe ou o Raça nós achamos incríveis.

Como está a expectativa para apresentar “Partilha” no show? Porque, apesar dos singles e EPs mais recentes, na maior parte desses anos vocês vinham tocando músicas que já estão presentes no repertório musical dos fãs há algum tempo…Quando pensamos na recepção do público às músicas novas, vocês, como banda, sentem que é um desafio apresentá-las?
Mario Cappi: Nossa expectativa é a melhor possível! A gente já vem tocando as novas músicas misturadas num set com as antigas e a reação de quem ouve é muito boa. Recebemos bastante elogios já quando lançamos a demo com a Nico e muitos comentários positivos também após o lançamento do Partilha. Está sendo gratificante receber tantos feedbacks elogiosos. Só agradecemos…
E sim, com certeza é sempre um desafio, porque como disse antes, nós estamos ali nos doando totalmente de coração e alma em cada show e gravação. As emoções ficam mesmo à flor da pele, mas a gente adora. O público divide isso conosco e a experiência fica ainda mais intensa. Por isso, preparamos um set especial pro lançamento agora no dia 16/11 (quinta no Studio City Lights) e esperamos uma turma boa pra dividir esse momento conosco.
Agora, com o lançamento do novo álbum, há algo que você pode me adiantar em relação aos próximos shows da banda? Já há um show anunciado em São Paulo, existe também a possibilidade de novas datas em outras regiões do Brasil?
Mario Cappi: Hahaha… se eu adiantar, estrago a surpresa. Apareça por lá também pra compartilhar com a gente esse momento especial!
Quanto ao local de lançamento, vai ser no Studio City Lights que fica na rua Padre Garcia Velho, 61 em Pinheiros, São Paulo dia 16/11, quinta-feira. Nesse show, pra dar um pouquinho de spoilers, teremos venda de novos materiais da banda e contaremos com os grandes amigos do Meta Golova, que abrirão a noite e o querido Dj Tiago Nícolas que esquentará a pista entre os shows.
Musicult: Tem alguma coisa que não foi perguntada que você gostaria de falar nessa entrevista?
Mario Cappi: Quero convidar a todos para esse show de lançamento para que eles façam parte dessa partilha também e dividam conosco esse momento tão aguardado e especial… Fiquem atentos no nosso instagram que é o @polaraoficial pois a gente sempre solta novidades e datas por ali. Agradeço o espaço concedido e um abraço a todos. Cuidem-se, nos vemos quinta!
SERVIÇO – Lançamento do disco “Partilha” do Polara + show da banda Meta Golova com discotecagem do Thiago Nicolas (chakahotnightz).
Data: Quinta-feira, 16 de Novembro
Horário: A partir das 20h
Local: CL Studio – mezanino do City Lights Music Hall
Endereço: Rua Padre Garcia Velho, 61, Pinheiros – São Paulo/SP
Classificação: +18
Venda de ingressos: https://www.sympla.com.br/evento/polara-cl-studio-16-11/2239148
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Quem assina a matéria é Mariana Luiza, que além de redatora é fotógrafa e você pode ver as fotos dela no @nanav_photos