Veteranos do New York Hardcore, o Agnostic Front é um velho conhecido da cena hardcore de São Paulo, tendo se apresentado várias vezes por aqui. Mas dessa vez, o momento era ainda mais especial: a celebração de 40 anos do quinteto liderado pelo aclamado Roger Miret e pelo carismático Vinnie Stigma.
Passando ela América do Sul com a turnê Get Louder!, a banda se apresentou, no Brasil, em duas cidades: Piracicaba, no dia 4 de novembro, ao lado de Ratos de Porão, Crypta, Malvina, Into the Void e Bayside Kings, e em São Paulo, no dia seguinte, ao lado dos já conhecidos One True Reason, no Fabrique Club, na zona oeste da capital.
Era um momento a ser celebrado e pudemos estar lá conferindo todos os detalhes. Pontualmente às 18h, o evento organizado pela produtora Liberation deu seu pontapé inicial, abrindo as portas, e uma hora depois o One True Reason subia ao palco, dando seu recado em um show rápido, de meia hora, trazendo muito peso, uma clara influência das bandas do NYHC. O setlist contou com músicas como “R.I.P (Rest In Pain)”, entre outras. Já no show da banda paulistana, alguns mais à frente do palco arriscaram os primeiros two steps, dando o clima do que viria a seguir. Com um som incrivelmente alto e ao mesmo tempo bem definido, o OTR mostrou que merecia estar ali, ao lado daquela emblemática banda do hardcore mundial.
Agnostic Front
Também pontualmente, e com a casa bem mais cheia, o Agnostic Front entrou no palco às 20h daquele domingo de clima ameno. No setlist, a banda disparou clássicos como Gotta Go, For My Family, Dead To Me, A Mi Manera, Victim In Pain, e obviamente algumas músicas do Get Loud!, álbum mais recente dos novaiorquinos.
Durante o show, podia se perceber certo cansaço na voz de Miret, que falhava em certos momentos, mas nada que atrapalhasse o espetáculo. Pelo contrário, o público ajudava, cantando junto e berrando os versos de todos os clássicos dessa carreira de 40 anos de uma das bandas precursoras do NYHC. Além do mais, demos os devidos créditos ao frontman da banda, que enfrentou uma longa batalha contra um câncer e se curou recentemente. Não é todo mundo que consegue passar por isso e ainda retornar aos palcos com tanta energia e entrega.
Um dos pontos altos foi quanto a banda tocou “Crucified”, tradicional cover do Iron Cross, sempre presente no setlists do Agnostic Front. Mas como nem tudo são flores, alguns mais emocionados causaram transtornos, confundindo o tradicional moshpit/roda punk com briga, o que nunca foi nem nunca será. Mas nada que estragasse aquele momento de celebração.
Apesar de já estar visivelmente mais cansado, afinal 40 anos de banda não é para qualquer um, Vinnie Stigma deu um show à parte. Sorrindo o tempo inteiro, o veterano guitarrista do Agnostic Front chegou a descer até o meio do moshpit e ficou tocando de lá, se divertindo com a sua “travessura”.
Minha única crítica foi quanto à duração do show. Foram apenas 50 minutos. Estava tão bom que poderia ter durado mais. Uma horinha, uma hora e meia, teria sido bem mais divertido, eu diria. Mas o melhor eles guardaram para o final. Como bons novaiorquinos, fecharam o show homenageando a maior banda punk do mundo, que coincidentemente é de lá: Ramones.
No fim do show, o Agnostic Front executou Blietzkrieg Bop, levando o público da Fabrique à loucura e contrariando a máxima de que as noites de domingo em São Paulo são de tédio. Pelo contrário, elas são de muito hardcore. E quem venceu o tédio e a preguiça viveu momentos inesquecíveis àquele dia.