Para os fãs de punk rock, Toy Dolls é um nome que dispensa apresentações. Afinal, são quatro décadas de história da banda inglesa. E, para comemorar esse marco tão importante em sua trajetória, o power trio formado por Michael “Olga” Algar (guitarra/vocal), Duncan Redmonds (bateria/vocal) e Tom “Tommy Groober” Blyth (baixo/vocal) deu as caras pela América do Sul neste mês, com shows no Chile, Argentina, e quatro datas no Brasil: Porto Alegre, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro, nessa ordem.
Em São Paulo, o show aconteceu no já conhecido Carioca Club, dia 16 de setembro. Quem abriu a festa foram os veteranos do Skamoondongos, banda de ska de São Paulo que, sinceramente, só não conhece quem não está inserido no underground.
E pra você que pensa que banda de abertura significa casa vazia, está muito enganado. O Carioca já estava lotado assim que o grupo de ska subiu ao palco, despejando alguns de seus já conhecidos hits, como Pobre Plebeu, Segunda-feira 13, Ska de Rua, e a já conhecida versão de Medo, do Cólera, uma belíssima homenagem ao mestre Rédson, que nos deixou em 2012.
Colocando o público para dançar, a banda fez um show de mais ou menos uma hora, com muita energia e sem perder a dinâmica um só segundo. Definitivamente, o Skamoondongos sabe como fazer uma boa festa.
Toy Dolls
Pontualmente às 19h40, o Toy Dolls subiu ao palco da casa, com um setlist passeando por toda a sua carreira. Músicas como Nellie the Elephant, Dig That Groove Baby, Fiery Jack, I’ve got Ashtma e The Lambrusco Kid fizeram parte da trilha sonora da festa, com o público cantando junto a plenos pulmões e praticamente cobrindo o som da banda, que naquele dia estava surpreendentemente baixo, o que chegou a incomodar parte do público. Faltava um pouco mais de volume pra deixar a festa ainda mais bonita.
Mas não são problemas técnicos que vão intimidar uma banda veterana com 40 anos de estrada como o Toy Dolls. Se o povo europeu é conhecido pelo costume de serem mais frios, em São Paulo o trio se sentiu bem à vontade com o calor humano típico do povo sulamericano. Algar era só sorrisos enquanto passeava com maestria por quatro décadas de riffs marcantes em sua Fender Telecaster amarela.
Algo que me chamou atenção na apresentação foi a interação da banda com o público, fazendo questão de incluí-lo durante todo o show, em uma verdadeira sinergia. Mas, como nem tudo são flores, o evento também foi marcado por alguns tumultos entre punks e carecas na porta da casa ao final do show. Algo infeliz e perigosamente “comum” em shows que atraem os dois públicos.
Mas, imprevistos negativos à parte, posso dizer que o show foi uma verdadeira aula, sempre com aquela máxima sobre o punk inglês, de que “ou você gosta ou odeia. Não tem meio termo”. Bom, ao menos naquela noite, o público provou que gostava (e muito) daquele som britânico misturado ao calor humano brasileiro. Silêncio era uma palavra desconhecida para os presentes, que cantaram com a banda durante duas horas de show, produzido com maestria pela Agência Powerline.
Fizeram parte do setlist, ainda, músicas como She Goes to Finos, Alec’s Gone, um cover de Wipe Out, do The Surfaris, e encerrando a apresentação de incríveis 24 músicas com Theme Tune. Som baixo? Não tem problema. Naquela noite, os fãs de punk rock deixaram o Carioca Club de alma lavada.
Obrigado pelo enorme carinho com o Skamoondongos