Na última semana, o Musicult teve a oportunidade de conferir o filme alemão Sem Ar, que estreou na quinta-feira, dia 13, nos cinemas brasileiros.
Na trama, as irmãs May (Louisa Krause) e Drew (Sophie Lowe) partem juntas em uma viagem de mergulho. Mergulhadoras experientes, elas seguem em direção às profundezas do mar lideradas por May, a irmã mais velha. Tudo corre normalmente até que um acidente muda o rumo dos acontecimentos e uma delas fica presa à uma rocha quase 30m abaixo da superfície. A partir desse momento, o filme torna-se uma eletrizante corrida contra o tempo.
O longa dirigido por Max Erlenwein é um remake do filme sueco Além das Profundezas e mostra-se uma surpresa agradável e emocionante, dispensando recursos apelativos comuns no sub-gênero de filmes de suspense de sobrevivência. Sua abordagem torna-o, na minha opinião, mais interessante que outros do sub-gênero.
O filme acerta ao nos mostrar que a falta de tempo, a perda do celular e das chaves do carro e os efeitos do baixo nível oxigênio no corpo humano já são por si só elementos desesperadores. A série de coincidências infelizes observada na tela gera identificação com o espectador, uma vez que os eventos ocorridos poderiam acontecer a qualquer um, independente de cuidados e precauções tomados.
O foco do filme é, acima do tema da sobrevivência, a dinâmica complexa do relacionamento entre as irmãs e a força do laço entre elas, mostrando desde a cena inicial que esse está abalado por um certo distanciamento e pela dor de May. Destaque para a atuação de Sophie Lowe como Drew, que acompanhamos em uma jornada intensa física e emocionalmente para salvar sua irmã a todo custo.
A fotografia nos ajuda a compreender a imensidão do oceano e o isolamento da praia na qual as irmãs se encontram, contribuindo para que quem assista o filme compreenda o sentimento de desolação enfrentado pelas protagonistas. Algumas cenas são escuras demais, mas acredito que seja intencional, considerando que a maior parte do enredo se passa no fundo do oceano, onde a iluminação depende exclusivamente dos aparelhos de mergulho.
Sem Ar escolhe não explorar detalhadamente o passado das irmãs, que embora pudesse ser melhor desenvolvido, é uma escolha criativa de narrativa interessante, deixando os espectadores com dúvidas à respeito da veracidade do flashback exibido ao longo do filme: o momento foi verdadeiro ou apenas imaginado por May quando criança?