Elas vêm com tudo e já avisam: “Cuidado você”! A The Mönic lançou seu novo álbum na última sexta-feira e mostra estar ainda mais forte, não só na sonoridade, mas na presença na cena rock brasileira.
Com três mulheres no front, Dani Buarque, Alê Labelle e Joan Bedin, acompanhadas do baterista Thiago Coyote, a The Mönic tem se renovado nos últimos anos, não só na formação, com a entrada do baterista, mas também com singles diversos entre um álbum e outro – lançamentos de versões acústicas e parcerias com The Zasters – além da mudança de idioma nas composições, que se apresentam agora em “Cuidado você”.
O primeiro álbum, “Deus Picio”, é inteiramente em inglês e mais grunge e garage rock, já “Cuidado Você”, produzido e lançado pela DeckDisk, é inteiramente em português (com apenas uma faixa em inglês), trazendo onze faixas de um punk rock dançante e recheados de refrãos chicletes.
“Acho que é o grande momento da vida de todos nós. É nossa estreia cantando em português (sentimos que só isso é praticamente um recomeço) e, embora possa haver uma mudança de público, certamente vamos nos comunicar com mais pessoas cantando na nossa língua. Nossa meta é nos conectarmos com quem curte nosso som” – comenta a vocalista Dani Buarque, que também destaca a produção de Rafael Ramos, da Deck: “Foi incrível a forma com que ele mergulhou no nosso mundo. Saímos de lá com o pensamento de que não importa o caminho que o disco venha a seguir, já somos a banda mais feliz do mundo por ter vivido esse processo com tanto afeto, em um mundo pós-pandêmico, onde está se apostando tão pouco em coisas novas. Estamos com sangue nos olhos para trabalhar esse disco da melhor maneira possível, colocando o pé na estrada e no acelerador” – finaliza.
Divertido, mas também intenso e crítico, “Cuidado você” traz letras sobre relacionamentos, autonomia e críticas que posicionam o discurso da banda contra uma sociedade conservadora, preconceituosa e desigual. Criadoras do festival “Não tem Banda com Mina”, onde priorizam em sua programação artistas mulheres e que já teve edições esgotadas em São Paulo e no sul do Brasil, a The Mönic apresenta um forte viés feminista, refletido em composições como “Aquela Mina” e “Atear”, mas não se limitando a isso, abordando temas diversos como TDAH, vícios e questões existenciais como em “Kamikaze”, que fecha o disco com seu refrão marcante.
Com espírito underground e olho no mainstream, The Mönic mostra força e resiliência lançando um disco corajoso, criado e gravado em tempos de trevas na política brasileira, amplificando a visão das mulheres sobre o mundo nos dias atuais.
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