A boneca Barbie é sinônimo tanto de um ícone feminista quanto de um símbolo do machismo e de padrões de beleza inalcançáveis; já representou simultaneamente a liderança de vendas entre brinquedos e a queda de lucros da Mattel em 2014. Barbie: O Filme trabalha ao longo de sua 1 hora e 54 minutos com essa dualidade: a Barbie para quem a ama e a Barbie para quem a odeia.
A logo da Warner Bros em rosa pink indica ainda nos primeiros minutos que o espectador está prestes a ver algo especial. O filme mais rosa já produzido (afinal todo o estoque mundial de tinta rosa da marca Rosco foi utilizado para a pintura dos cenários) adota um tom leve e divertido, recorrendo à ironia e ao humor provocativo. Contudo, não se deixe enganar pelos tons pastéis da Barbielândia: o longa não é bobo de forma alguma, trazendo reflexões inteligentes e profundas, críticas atuais e tratando de questões existenciais.
Na história, Barbie tem a vida perfeita até de repente se deparar com uma verdadeira crise existencial, (aparentemente) desencadeada sem motivos. Procurando se livrar do problema e retornar à sua realidade, a protagonista procura os conselhos da Barbie Esquisita e descobre que a solução exigirá uma visita ao Mundo Real. A partir daí, a saga se desenrola em uma verdadeira jornada protagonizada por Barbie(s), Ken(s) e humanos que mudará o trajeto de todos. A aventura é, ao mesmo tempo, tudo que se espera e nada do que se espera dela.
A trama conta com diferentes núcleos, o que torna o filme dinâmico. Além disso, há diversos elementos do mundo real conhecidos para o espectador, algo que traz certo senso de familiaridade. O filme tem referências que certamente serão apreciadas por fãs de cultura pop e por admiradores da história da boneca, mas sem se apoiar em fanservice para conquistar quem o assiste.
De forma semelhante a outros filmes da diretora Greta Gerwig, como Adoráveis Mulheres, Frances Ha e Lady Bird, Barbie tem uma protagonista feminina única e marcante. A perspectiva feminista pode ser observada em diversos momentos do filme: a Barbielândia, as atitudes das personagens, os diálogos, a hierarquia de governo das Barbies e até mesmo o slogan do filme “Ela é tudo. Ele é só o Ken”.
Além de Margot Robbie, que interpreta a Barbie protagonista, parecer ter nascido para o papel, é impossível não falar em Ryan Gosling, que rouba a cena no papel de Ken. America Ferrera, Michael Cera e Kate McKinnon também entregam personagens carismáticas com diálogos afiadíssimos.
A trilha sonora é intrínseca ao filme, sendo escolhida a dedo para cada cena, a exemplo da canção Pink da cantora Lizzo que inicia a trama e I’m Just Ken, interpretada por Ryan Gosling, que apresenta o dilema enfrentado pelos Kens. A trilha inclui nomes como Dua Lipa, Billie Eilish, Karol G e Tame Impala. Vale mencionar ainda que a canção Barbie World da cantora Nicki Minaj conta com um sample do hit dos anos 1990 Barbie Girl da banda Aqua.
É preciso destacar a fotografia do diretor de fotografia Rodrigo Prieto, que retrata perfeitamente o contraste de cores de uma Barbielândia nostálgica de tons pastéis intensos e o mundo real de preto, branco e cinza-concreto, além do trabalho da designer de produção Sarah Greenwood, que contribui para uma verdadeira imersão em na Barbielândia, algo que antes parecia possível apenas em sonhos infantis.
Barbie não é um filme revolucionário nem se propõe a ser, mas cumpre sua proposta de ser um filme original, divertido, emocionante e atual que consegue transmitir sua mensagem com clareza.
Quer saber mais sobre o universo de Barbie? A partir de 20 de julho, o filme chega aos cinemas!
Especial e bem atraente . Parabéns pela resenha . Muito boa !!!!
Desenho das letras impecável !!!!