O segundo dia do festival MITA 2023 em São Paulo teve muitos shows legais, e o Musicult esteve lá para mostrar tudo para vocês.
Os erros e acertos do festival que tinha tudo para ser revolucionário
É bem certo que o festival esteve cercado de polêmicas desde a confirmação do local, o famoso Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Um festival no meio da cidade é uma ideia lindamente urbana na teoria, mas na prática não funcionou bem. A segurança ou a falta dela era o maior dos receios de quem planejava ir ao festival, mas aparentemente, não foi um grande problema, já que a entrada do MITA ficava bem do lado da saída da estação Anhangabaú, facilitando neste quesito.
Porém, nem tudo são flores, como imprensa, por exemplo, eu tive de entrar por outro local, numa rua bem afastada da entrada principal e bem vazia também. Encontrei duas viaturas próximas ao local e, pasmem, ambas vazias. Viatura não funciona se não tiver policial nela, né?
Outro foco de bastante reclamação do público no primeiro dia foi a estrutura retangular do festival. Eu não vi isso como um grande problema caso a pessoa estivesse em pista premium. Era possível se locomover de um palco para o outro sem muitos esforços e ainda passear pelas ativações, bastava entender um pouco da estrutura, por exemplo: para aqueles que queriam entrar na pista premium, o lado direito não era uma boa opção, pois contava com locais de bebida e alimentação bem ao lado e também ficava próximo à entrada e saída do festival, que era livre a todos, então claramente era um lugar absolutamente lotado.
Porém, pelo lado esquerdo a entrada da pista premium estava praticamente livre, pois não tinha muitos bares e também não se misturava com a entrada e saída do público geral. Em resumo: era só ir pela esquerda, mas até então, isso simplesmente não era sinalizado como pela produção – deveria.
Sabrina Carpenter se irritou com problemas técnicos, mas entregou performance e carisma
O show da Sabrina Carpenter foi o primeiro que assisti no domingo. Logo que cheguei, a cantora norte-americana acabara de subir ao palco sob aplausos dos fãs brasileiros. Sabrina já havia feito uma bela apresentação na edição carioca do festival e repetiu a dose no último domingo em São Paulo.
Não fosse por um pequeno problema técnico – deu algum problema no retorno e a cantora deixou o palco por alguns minutos, visivelmente chateada – a apresentação teria sido perfeita, dentro da proposta da artista. Apesar de as músicas serem mais comerciais do que o ideal, a cantora esbanja carisma e sensualidade pelo palco. Os fãs respondem à altura. O show lotou o palco Deezer, apesar de acontecer cedo, o que foi um bom sinal.
Capital Inicial é a atração segura – sem novidades e sem problemas
Logo após a Sabrina apresentar suas músicas no Deezer e conquistar o coração de muitos ali presentes, foi a hora de Capital Inicial subir ao palco Centro. Dinho Ouro Preto segue se esforçando para entregar performance enérgica, apesar de nem sempre funcionar. Quem gosta de Capital Inicial, gosta muito e isso foi perceptível ao ver alguns fãs cantando todas as músicas. Outras pessoas aproveitaram o momento para passear pelas ativações, mas ainda assim cantando junto as letras que marcaram gerações.
A volta do NX Zero fez a galera emo se reunir no anhangabaú
Pouco antes de acabar o show do Capital Inicial, muita gente já se direcionava ao palco Deezer novamente, desta vez para ver o show do NX Zero, que está em turnê de reunião. Eu estava com a expectativa alta para o show, mas não achei que fosse lotar – ledo engano, não tinha espaço livre perto do palco. Todo mundo ali queria ver os caras do NX se reunirem para tocar os hinos que fizeram parte da geração MTV.
Com sucessos como “Daqui Pra Frente“, “Cedo ou Tarde“, “Além de Mim” e “Razões e Emoções“, a banda fez um show memorável bem na queda da tarde e preciso dizer que os prédios refletindo o sol bem na “golden hour” em pleno vale do anhangabaú contribuíram demais para o clima.
As irmãs HAIM amam o Brasil e a recíproca é verdadeira
No início da noite foi a vez das irmãs HAIM (Este, Danielle e Alana) dominarem o palco Centro iniciando o show com a nada mais nada menos que Ilariê da Xuxa e trajadas com a parte de cima de biquini do Brasil. Isso já foi o suficiente para sacar qual seria o clima do show. As três irmãs são uma bela representação do talento atualmente – elas cantam, dançam e tocam instrumentos. Suas músicas passeiam entre o indie rock, pop e o R&B. O show foi repleto de interação com o público – Este Haim inclusive desceu para tocar junto aos fãs.
The Mars Volta reúne fãs apaixonados mesmo sem lotar palco
Depois do show das HAIM, pensei em ficar pelo palco centro esperando a Florence porque eu já sabia que ia encher demais, mas não tinha como ignorar que do outro lado do festival estava rolando The Mars Volta. Então me encaminhei para o palco Deezer e fui conferir o showzaço de rock progressivo e muita música experimental que Cedric Bixler-Zavala e Omar Rodriguez-Lopez protagonizaram no MITA. É fato que o palco não estava lotado, não é uma atração que atrai a todos, isso era previsto. Mas quem ficou, ficou porque realmente gosta e porque sabia que seria uma experiência que valeria a pena – e valeu.
Depois de lavar a alma com The Mars Volta, quem voltou fui eu ao palco Centro, desta vez tentei me “enfiar” ali no meio da galera porque eu queria ficar mais próxima à grande – consegui. Não foi difícil, aliás quase nada era difícil ali na pista premium, parece que todo perrengue ficou mesmo para a pista comum. Triste em ver que muita gente ali chegou cedo, mas mal ia ver pelo telão o show que estava prestes a começar.
Florence traz emoção e culto a fãs paulistanos
Eu nunca fui a maior fã da Florence, digo, eu nunca soube cantar todas as músicas, sempre me peguei cantarolando as mais famosas, mas sem sentir no coração. Depois desse último show, isso mudou. Florence + the Machine iniciou o show no horário previsto com “Heaven’s Here” e se deparou com um público pronto para brilhar junto com a cantora. Em músicas como “King“, “What Kinf of Man” e “Shake it Out“, Florence Welch dividiu a energia e os vocais com o público, que quase cantou mais alto que a cantora. Mas não tem jeito, é durante o sucesso indiscutível “Dog Days Are Over” que o show vai a outro nível. Impossível não fazer parte de tudo aquilo, até porque Florence pede para não gravar no celular – eu não gravei.
Um momento muito legal foi quando a cantora confessou que usou a pausa do bis para treinar “Queen of Peace” com a banda, já que muita gente estava pedindo e ela disse que já havia esquecido como tocar a música, mas conseguiu, ela cantou com a galera logo antes de “Never Let Me Go“, outro momento apaixonante do show.
Por fim, o sacrifício final em “Rabbit Heart (Raise It Up)“, lavou a alma dos fãs da Florence no MITA. A verdade bem verdadeira mesmo é que a Florence é uma bruxa e se alguém não foi enfeitiçado é porque assistiu ao show errado.
Se o primeiro dia foi palco de muitas reclamações, o segundo parece ter conseguido contornar um pouco da situação. Porém, não há Florence no mundo que faça os erros de estrutura serem esquecidos caso haja uma nova edição do festival, é importante que a organização se atente e aprenda com os erros cometidos.