A série Daisy Jones & The Six lançada pelo Prime Video se tornou um fenômeno. Antes mesmo de atingir esse status, o livro homônimo, que inspirou a série, já era um fenômeno literário! Mas sobre o que se trata?
O livro nos conta a história da banda fictícia Daisy Jones & The Six, considerada a maior banda de rock existente que vivia seu auge na década de 70. Entretanto, há um acontecimento que muda a situação: após um show histórico e lotado da turnê Aurora, seu álbum mais famoso, o grupo se separa e segue rumos completamente distintos. Apesar dos rumores, ninguém soube explicar a separação dos membros. Até então.
Entrevistados, os próprios membros nos contam anos depois (no livro cerca de 40 anos depois, na série 20) suas versões da verdade sobre os eventos que levaram à separação da lendária banda. Com pontos de vista alternados, a verdade é aqui algo subjetivo e envolve questões delicadas.
A trama, de agradar qualquer roqueiro, foi inspirada pelo legado de diversas bandas clássicas, como The Eagles, e se assemelha à estética e aos episódios aos quais estamos habituados em documentários sobre bandas de rock dos anos 70 e 80. Contudo, a maior inspiração para a obra foi sem dúvidas a banda Fleetwood Mac.
A autora do livro, em um post escrito para o site da produtora da série, explicou que a ideia surgiu a partir do show de reunião da banda The Dance nos anos 90 quando ela tinha 13 anos. Observando Stevie Nicks cantando ao lado do guitarrista Lindsey Buckingham, Jenkins disse que decidiu que gostaria de escrever uma história sobre confusão das linhas entre vida real e performance, sobre a história verdadeira por trás de uma banda que vemos em cima do palco.
O livro, de forma fascinante, nos propõe a imersão no cenário musical da cidade de Los Angeles dos anos 70, então o lar do rock’n roll. Aborda questões relacionadas aos temas de música, vício e amor; da história de origem de cada um dos membros ao cotidiano da banda em si aos seus dilemas e pensamentos mais profundos.
A obra literária nos passa a ideia de que as personagens são reais e de fato foram lendas do rock. Além disso, Daisy, Camila e Karen são, cada uma à sua maneira, protagonistas femininas fortes e complexas que moldam a narrativa.
O fato de o livro ter todas as letras completas do álbum Aurora e explicar o processo criativo por trás da composição cada uma delas, contribuiu para fortalecer essa sensação e atrair uma legião de fãs. Como não associar o livro aos versos And baby, when you think of me, I hope it ruins rock’n roll?
A adaptação de Daisy Jones na Amazon
“O que foi incrível no romance de Taylor Jenkins Reid é que temos tantas perspectivas e histórias que, em uma versão contada 20 ou 30 anos atrás, algumas não teriam sido incluídas ou seriam marginalizadas”. conta o diretor James Ponsoldt.
“Eu adoro ver os bastidores, entender a história de como os álbuns foram feitos, como as bandas colaboraram, como elas se desintegraram, quem brigou com quem e qual história não foi contada por causa da época”, afirma entusiasmado.
A adaptação da história para os streamings partiu de uma iniciativa da produtora da atriz Resse Whisterpoon, a Hello Sunshine.
E parte do elenco da série possui um passado relacionado à música. Riley Keough, que interpreta a vocalista Daisy Jones, por exemplo, é neta do cantor Elvis Presley e cantou profissinalmente pela primeira vez ao filmar a série; Suki Waterhouse, que interpreta a tecladista Karen Sirko, é cantora profissional e foi uma das atrações do line-up no LollaPalooza Brasil 2023.
A obra literária original e o seriado possuem diferenças e semelhanças, como tende a ocorrer em adaptações. A série adapta as entrevistas para formato de vídeo, uma escolha que torna o ritmo da trama mais dinâmica. O maior mérito é sem dúvidas trazer as músicas, que soam como imaginei que soariam ao ler o livro – uma pegada de rock folk anos 70 -, e a banda para a “realidade”.
A história se mostra majoritariamente fiel à original em pontos cruciais e dá maior voz a personagens secundários, como o baterista Warren.
Por outro lado, algumas das músicas foram reescritas, uma escolha criativa que desapontou muitos fãs da obra literária, além de haver um questionamento em torno das novas histórias de origem e da personalidade da rockstar Daisy Jones, cujo arco dramático a teria tornado mais uma “sonhadora inocente” do que “enérgica, determinada e caótica” como no livro.
Para quem também respira música, são 10 episódios e 1 álbum no Spotify (ou disco de vinil para quem prefere) imperdíveis!