A noite de 29 de abril de 2023 ficará marcada na mente de quem estava presente no Hangar 110. Isso porque não era um momento qualquer: o Cockney Rejects mais uma vez se apresentava na cidade, dessa vez se despedindo dos palcos, com a Farewell Tour. A festa também contou com participação do Inocentes, um dos maiores nomes do punk rock nacional.
O evento, que mais uma vez teve assinatura da Sob Controle, começou pontualmente às 20h30, em um Hangar já cheio de punks e skinheads naquela noite gelada (e tensa pelo encontro das duas tribos).
Inocentes e o ótimo show de abertura
Contrariando a lógica de que “o melhor sempre fica pro final”, a banda liderada por Clemente Nascimento deu ao público uma grande surpresa já na primeira música: a participação de Ariel, lendário vocalista do Restos de Nada, Invasores de Cérebros e, obviamente, do Inocentes em dado momento da história da banda.
Ariel cantou verdadeiros hinos da banda paulistana, entre eles a clássica “Miséria e Fome”, “Deixe a Cidade Dormir”, “Desequilíbrio” e “Maldita Polícia”. Parecia que, em pleno 2023, São Paulo tinha retornado aos primórdios do punk brasileiro, com sonoridade e visual característicos. O show do Inocentes prosseguiu passando por músicas como “Expresso Oriente”, “Aprendi a Odiar”, “Porcos Imundos” e “Vou Ouvir Ramones”.
Nas pausas, Clemente fez questão de lembrar da influência e importância do Cockney Rejects no cenário punk, e do prazer de poder dividir o palco com os londrinos.
A apresentação da banda paulistana terminou com a clássica “Pânico em SP”, que até os dias de hoje ecoa nas ruas do undeground não só de São Paulo, mas do Brasil inteiro. O show encerrou às 21h20 e era hora de esperar as estrelas da noite.
Cockney Rejects entra em cena
Exatamente 20 minutos depois do show do Inocentes, o Cockney Rejects surgiu no palco do Hangar 110, abrindo a apresentação com “Paper Tiger” e “We Are the Firm”, transformando o show numa verdadeira festa de torcida organizada no melhor estilo hooligan. E por falar nisso, bandeiras do West Ham United, time do coração dos Rejects e famoso pela cultura do hooliganismo, puderam ser vistas no show.
“Há muitos anos atrás, tocamos nesse lugar e não podemos mensurar o quanto estamos felizes de estar de volta”, celebrou o vocalista Jeff Geggus, que esbanjou energia durante toda a apresentação, interagindo com o público na beira do palco e se movimentando bastante.
“I love being me” também fez parte do set da banda e o Hangar ficou com clima de pub inglês antes de jogo de futebol, com todos cantando juntos. “I’m not a fool”, “We’re on the streets again” e a clássica “I’m forever blowing bubbles” fizeram o público cantar a plenos pulmões durante todo o show, que durou pouco mais de uma hora.
Ao fim da apresentação, quando todos achavam que os ingleses tinham finalizado os trabalhos, eles retornaram ao palco para o bis de “I’m forever blowing bubbles”, hino da torcida do West Ham United, cantado ainda com mais força pelo público.
“I’m forever blowing bubbles, pretty bubbles in the air. They fly so high, nearly reach the sky, then like my dreams they fade and die. Fortune’s always hiding, I’ve looked everywhere. I’m forever blowing bubbles, pretty bubbles in the air”, cantava a torcida, digo, o público, nos momentos finais do show, que pode até ter sido em São Paulo, mas naquela noite de sábado, ganhou contornos de jogo com vitória do West Ham e festa regada a cerveja, tal qual em Londres.