Florence and The Machine é um grupo indie e new age que tem como cantora e membro principal Florence Welch. A mística vocalista e compositora coleciona fãs ao redor do mundo desde o primeiro disco, em 2009, e desde então não lançou um álbum fraco ou sem hit.
Continue lendo e descubra por que essa bruxa carismática encanta tanta gente.
Florence é uma máquina
A mais velha de três irmãos, Florence Leontine Mary Welch nasceu em 1986 na Inglaterra e desde pequena gostava de cantar, participando dos musicais da escola. Na adolescência, teve uma banda local e, depois, enquanto estudava no Camberwell College of Arts, entrou para um grupo de jazz cigano com hip hop.
Insatisfeita com o grupo atual, ela e uma amiga da escola de arte, Isabella Summers, formaram uma dupla que quase se chamou Florence Is a Machine, mas acabou sendo batizada do que, hoje, conhecemos como Florence and The Machine.
Depois de um fim de relacionamento, Florence começou a compor para o primeiro disco do grupo, Lungs, lançado em 2009. E foi assim que a cantora se apresentou ao mundo: com muito pulmão, os dois pés na porta e o hit que entusiasma qualquer festa até hoje: “Dog Days Are Over”.
Com influências claras de cantoras como Kate Bush e Fiona Apple, as canções do primeiro disco e seus sucessores têm também um toque do que Florence gostava de ouvir desde muito nova: Nina Simone, Tom Waits, Billie Holiday e Arcade Fire.
O caldeirão de pop, rock e new age
Florence sempre gostou de tocar bateria, e isso pode ser uma das razões pelas quais o instrumento seja um elemento de destaque em suas composições.
Embora seja uma compositora, ela não sabe tocar violão, algo que a própria diz que é bom, pois assim suas composições não ficam restringidas. Talvez seja por isso que as músicas de Florence + The Machine pareçam enfeitiçadas por imprevisibilidade.
As canções do grupo também são cheias de referências antigas, meio medieval, mas algo inegável é que, desde seu surgimento até hoje, poucas cantoras famosas e atuais fazem um som tão único e original. Florence é inconfundível, suas músicas têm personalidade e expressam sentimentos de uma forma só dela.
Amor, raiva, depressão, alegria, culpa, morte e felicidade são temas escritos e cantados de uma forma completa e complexa sem deixar de ser pop. Toda essa singularidade, arranjos ricos, instrumentos clássicos como arpa, mixados com sintetizadores, voz suave e aguda, rock e muito new age, não deixam fácil a tarefa de rotular a cantora com outro adjetivo que não seja: mágico.
A complexidade de Florence Welch
O segundo álbum de Florence + the Machine, Ceremonials, de 2011, sustenta a característica única da cantora, e veio cheio de hits como “Shake It Out”, cujo vídeo clipe reafirma sua vertente bruxa pagã e conversa com sentimentos universais.
“Quando você se conecta com as pessoas e vê o público cantando algo que, até então, só fazia sentido para você, gera uma catarse. Nos shows, parece que todo mundo quer libertar alguma coisa”
Florence Welch em entrevista ao The Guardian
Apesar do vozeirão, Florence Welch fala baixo e delicadamente nas entrevistas. Uma introvertida que gosta de festa, a cantora prefere momentos de paz depois dos shows e turnês. Em entrevista para a Rolling Stone inglesa, falou um pouco sobre sua introspecção e como a música ajuda nesse aspecto:
“Escrever músicas sempre foi algo intenso para mim e é um jeito de exorcizar pensamentos que não consigo elaborar. Acontecem muitas coisas ao redor do mundo e acabo absorvendo isso, mas escrever é um jeito de entendê-las”.
Talvez pela introspecção e sensibilidade, Florence Welch teve que parar de beber para conseguir compor o 3º disco, How Big, How Blue, How Beautiful, de 2015. “Ship to Wreck”, um dos hits do álbum, é a canção que mais explica o momento em que ela se encontrava.
O refrão “Eu bebi demais? Estou perdendo o contato? / Eu construí um navio para naufragar?”, fala de autodestruição, mas soa como alguém que ainda quer se reerguer. E isso ela fez.
Como e por que Florence + The Machine encanta até hoje?
Fada e Bruxa são figuras místicas que encantam todo mundo até hoje, e a personalidade de Florence mistura muito bem esses arquétipos. Seu carisma e vestimenta complementam a imagem que ela mesma construiu no fim dos anos 2000 quando decidiu pintar o cabelo de vermelho, sua marca registrada.
Mas não é por causa só de uma imagem bem construída que Florence and The Machine ainda encanta pessoas. Seja qual álbum for, todo mundo vai encontrar uma faixa que converse com sua intimidade, para chorar por um amor perdido, dançar com os amigos, discotecar em uma festa, recuperar a energia perdida de viver ou simplesmente ouvir enquanto faz tarefas rotineiras.
Em 2018, High as Hope, 4º álbum de estúdio, foi lançado e altamente elogiado pela crítica. Nele, Florence mostrou seu amadurecimento musical e pessoal sem ter medo de deixar de lado aspectos mais delicados dos discos anteriores.
“Às vezes fico presa na vida cotidiana. As palavras não parecem expressar adequadamente como me sinto. Quando estou cantando, de repente fica claro e posso entender o que estou sentindo”.
Se para Florence cantar é como entender o que ela está sentindo, para seus fãs, ouvi-la é descobrir, entender e sentir o que nem sabiam que estava ali.
O último álbum de Florence + The Machine, Dance Fever, foi lançado em 2022, e em 2023, a cantora vem pela 3ª vez ao Brasil no Festival MITA, cujo lineup conta com outros grandes nomes como HAIM e Lana Del Rey.