No último sábado, dia 17, aconteceu em Piracicaba a primeira edição do Kapivara Fest, evento que reuniu em dois palcos artistas da música brasileira de diferentes vertentes, indo do reggae ao hardcore e fortalecendo a cena independente.
Apesar dos imprevistos, bem normais se tratando de uma primeira edição, o que marcou o sábado do Kapivara Fest foram os shows e o acerto da parceria com o Locomotiva Festival.
Palco Locomotiva foi destaque na primeira edição do Kapivara Fest
Vamos começar pelo que realmente arrasta o público a um festival, os shows! E tudo começou com Natalia Carrera e DJ Brendão abrindo os trabalhos em cada um dos palcos.
Depois Mato Seco, no palco Kapivara, com uma vibe tranquila e condizente com a tarde ensolarada do sábado, e The Mönic no palco Locomotiva, fazendo um de seus melhores shows, com muita energia e transbordando orgulho e felicidade, tanto que Dani Buarque se jogou na roda punk do público enquanto a banda encerrava o set com “Bateu”.
Water Rats no palco Locomotiva foi tão bom que a banda teve que resistir aos apelos de “mais um, mais um” do público. Depois, era o momento de Tasha e Tracie no palco Kapivara, porém, quem subiu foi DJ Pôke, uma das atrações que iriam se apresentar no Locomotiva.
Mesmo curtindo o set excelente do DJ, que mistura rap e rock – incluindo um mashup de Sabotage e Dead Kennedys que foi incrível –, o público parecia confuso e achando que o show das irmãs havia sido cancelado, mas o que aconteceu foi que as meninas tiveram um contratempo a caminho do show.
Com isso, Tasha e Tracie se apresentaram depois do horário marcado e no palco Locomotiva.
Sobre o show das meninas, já falamos um pouco na nossa resenha do Primavera Sound, mas é bom reforçar que Tasha e Tracie são a prova de que menos é mais, pois em um palco simples, só com as duas e a DJ, as rappers comandaram um dos melhores shows da primeira edição do Kapivara Fest, com um público apaixonado.
Essa mudança no line up dos palcos só deu mais destaque ao palco Locomotiva, que permaneceu lotado em praticamente todos os shows e mostrou que o Kapivara Fest acertou em cheio ao fechar, em sua primeira edição, uma parceria com esse nome tão grande no circuito musical de Piracicaba.
Além de ter sido uma vitrine para bandas do underground em um festival com nomes grandes como CPM 22 e Planet Hemp, o palco Locomotiva hipnotizou todo mundo com o headliner Terno Rei, banda que só tem crescido a cada apresentação.
Alguns imprevistos, mas shows históricos ofuscaram qualquer problema
Além de Tasha e Tracie, a Fresno também teve alguns imprevistos, como explicou Lucas Silveira no palco e também em um tweet pós-show.
O problema com o notebook dificultou a execução de algumas músicas e o set da banda foi mais curto. Assim, um dos shows mais esperados pelo público gerou um sentimento misto de emoção – pelas músicas apresentadas e a catárse de sempre que é um show da Fresno, como já falamos na resenha do GP Week – e de ansiedade por mais um show, já que a banda demonstrou muita alegria pela primeira edição do Kapivara Fest e já disse que quer voltar em 2023!
Ao se despedir, Lucas anunciou Terno Rei como a banda seguinte no palco Locomotiva e muita gente já se encontrava colada na grade para ver a banda, mas, por conta dos imprevistos anteriores, a apresentação dos paulistas foi atrasada e CPM 22 começou mais um dos seus shows recheados de hits que levam todo mundo a cantar junto.
E se CPM 22 e Terno Rei conseguiram fazer o público se esquecer dos imprevistos, foi Planet Hemp quem consagrou o momento final, lavando a alma de um público sedento pela banda, que não se apresentava em Piracicaba há anos e não só levou seus maiores sucessos ao set como também seus novos sons, do álbum Jardineiros, lançado este ano.
E tudo isso em meio a discursos necessários, participação de Badauí em “Mantenha o Respeito”, um cover/homenagem a Ratos de Porão e muitas rodas punk gigantes, do jeitinho Planet que a gente ama!
Estrutura, organização e o que esperamos da segunda edição do Kapivara Fest
Além dos imprevistos com os shows, que não tiveram ligação direta com a organização do festival, o público sentiu falta de mais informações, não só sobre esses atrasos e mudanças no line up, que poderiam ter sido informados pelas redes sociais, como informações prévias sobre o cartão para compra de bebidas e alimentos no festival – muita gente não sabia como solicitar o reembolso.
Mas, à parte disso, a estrutura do festival e a organização da Hardcore Pride agradaram e acertaram em muitos aspectos, especialmente pelos preços mais acessíveis e pela variedade do cardápio, além da praça de alimentação coberta, com várias mesas e cadeiras, que ajudaram o público não só a se alimentar de forma confortável, mas também a descansar entre um show e outro e se esconder do sol durante a tarde.
O Engenho Central, onde aconteceu a primeira edição do Kapivara, é cercado por mata, mas isso não diminuiu o calor de 30º que fez no último sábado e a organização, em parceria com uma rede de farmácias, distribuiu protetor solar gratuitamente para o público, uma atitude muito legal e que deveria ser copiada por outros festivais.
Para a segunda edição, que a gente espera muito que aconteça, pois o interior tem público de sobra para festivais desse tipo, o Kapivara precisa apenas melhorar o som para todo o ambiente e seria legal incluir telões no palco principal, já que boa parte do público que comprou ingresso para a pista reclamou da falta de visibilidade e do som baixo.
Em compensação, o camarote dava uma boa visibilidade para os dois palcos e havia bastante disposição de bares, food trucks e banheiros pelo evento.
Com ajustes para esses pontos que foram alvo de reclamação do público, a segunda edição do festival pode ter tudo para ser ainda melhor do que a primeira, ainda mais se mantiver a parceria com o Locomotiva e seguir na proposta de levar shows históricos à Piracicaba.
Que venham mais edições do Kapivara Festival, a gente se vê em 2023!
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Ps.: Não podemos deixar de citar a presença mais que ilustre da dona do festival no evento, que rendeu essa foto incrível com a banda Fresno: