Após passar por capitais como Recife e Salvador, Caetano Veloso aterrissou em Belo Horizonte, Vitória e São Paulo. Seu próximo destino seria o Rio de Janeiro, entre 02 e 03 de dezembro, mas foi contaminado pelo coronavírus e precisou adiar o primeiro dia de espetáculo poucas horas antes do evento.
O show pertence à turnê “Meu coco”, do álbum homônimo lançado em 2021, 30º de sua carreira, gravado em estúdio.
Em São Paulo, última cidade pela qual passou, foram três noites de espetáculos, entre os dias 25 e 27 de novembro, no Espaço Unimed.
O álbum “Meu coco”
O desejo por gravar “Meu coco” surgiu ainda em 2019. Pelas palavras do próprio Caetano, “tudo partiu de uma batida no violão que me pareceu esboçar algo que (se eu realizasse como sonhava) soaria original a qualquer ouvido em qualquer lugar do mundo”.
As canções do disco têm vida própria e até lembram trabalhos e sonoridades antes vistas na carreira do cantor, mas com uma roupagem totalmente inédita.
Há críticas, há saudade, há um tributo a um novo Brasil musical, com a canção “Sem Samba não dá”, que cita artistas como Duda Beat, Baco Exu do Blues, Anavitória, Glória Groove e a imortal Marília Mendonça. Caetano mais uma vez abraça a cultura do País e mostra a constante transformação que nossa música passa.
O show e a turnê
Sobre o show, são duas horas que passam voando. “Meu coco” abriu o espetáculo e, na edição de São Paulo, não poderia faltar a clássica “Sampa”, que remete à mocidade de Veloso na selva de pedra.
Sobre esse momento, Caetano compartilhou um trecho da primeira noite em seu Instagram.
Ao longo do setlist, nas poucas pausas que fez, o compositor falou sobre seu processo criativo e dividiu suas eras a partir das bandas que o acompanharam. Foi possível conhecer seu “fazer música” sob uma perspectiva autoral.
Os músicos que o acompanharam são jovens e trazem cordas, percussão e teclas aos arranjos, dando nova vida e fôlego, segurando o som inclusive quando Caetano deixava o violão de lado para fazer suas dancinhas (nada tiktokers) no palco, no auge dos 80 anos, entregando energia e jovialidade.
Um espetáculo de Caetano Veloso sempre tem muito a ensinar. Ao falar sobre “A outra banda da Terra”, o compositor explicou o quanto a pronúncia do R pelas moças do interior de São Paulo o inspiraram a escrever e cantar essa canção. Isso justifica a genialidade da mescla de sons e fonemas de toda a sua obra.
O show contou com um bis que trouxe canções clássicas, como “Reconvexo” e “Lua de São Jorge”, além de outras canções de “Meu coco”, encerrando com “Odara”.
Novas e próximas datas
Após ser diagnosticado com Covid-19, os shows do Rio de Janeiro, que aconteceriam na Jeunesse Arena, foram cancelados e as novas datas serão divulgadas mediante a melhora do quadro de saúde de Caetano Veloso.
Além do Rio, a turnê tinha datas para o Rio Grande do Sul, na cidade de Porto Alegre, no Auditório Vianna. A confirmação do evento segue para os dias 16 e 17 de dezembro no site da Sympla, responsável pela venda dos ingressos.