Fotos por Danilo Costa e Matheus Machado
Durante os dias 18, 19 e 20 de novembro, o Hangar do Campo de Marte recebeu o Oxigênio Festival 2022, sétima edição do evento mais esperado pelos fãs de hardcore no Brasil.
Com um line up cada vez mais diverso, o Oxigênio fez um retorno digno de ser chamado de histórico, depois de 2 anos de pandemia.
Novo local, novas possibilidades e novos sons e até um novo público marcaram o evento, com shows que ficarão pra sempre na memória de quem foi a um ou 3 dias do festival.
Reencontro dos fãs com o punk rock clássico marcou início da 7ª edição
Na sexta-feira, o festival sempre é mais curto, e o primeiro dia começou com discotecagem de Thiago DJ e shows de Excluídos, Corazones Muertos, Zumbis do Espaço, Carbona e Doyle.
Conforme falamos na lista dos shows mais esperados do Oxigênio 2022, Doyle era um deles e levou um público considerável ao evento, porém, desanimou quem esperava músicas do Misfits no setlist.
Um atraso no início dos shows também fez muita gente ir embora antes do fim da última apresentação. Assim, o destaque ficou para Zumbis do Espaço e Carbona, queridinhas do público e responsáveis por algumas rodas punk e karaokês na plateia.
Nostalgia e renovação: o fim de semana do Oxigênio 2022
Começando 12h e terminando depois das 23h no sábado e no domingo, foi difícil quem não voltou exausto pra casa pós-Oxigênio.
O lado bom é que os muitos shows são alternados em palcos que ficam próximos, poupando o público de longas caminhadas, algo comum em festivais.
Dos “emos velhos” ao emocore geração z
O fim de semana parecia dividido entre o emo e o hardcore, mas mesclou os estilos em seus dois dias, porém, o sábado reuniu mais gente saudosa das músicas emotivas.
Com Di Ferrero e Pe Lanza no line, ambos os músicos empolgaram o público com músicas de suas carreiras solos, mas sem deixar de fora os maiores hits das bandas que os levaram ao sucesso, Nx Zero e Restart.
Di foi além e tocou músicas da banda Cine, já que dois de seus músicos de apoio são ex-integrantes da banda.
Mas, num dia que começou com Fake Honey – que fez sua estreia nos palcos em pleno Oxigênio –Impavid Colossus e R4vel e, depois, foi palco para a Meu Funeral entoar o hino que marcou o fim do governo Bolsonaro – como a gente tinha dado spoiler na entrevista com a banda –, 3 novos nomes da cena se destacaram:
- Odeon, que mistura elementos do trap e do pop com o peso do emocore e, arriscamos dizer, que foi um dos shows mais cheios do segundo palco naquele sábado;
- Axty, que já se consolidou como um grande nome do metalcore atual;
- e Kamaitachi, que fez seu primeiro show no palco principal do Oxigênio 2022 depois de um sold out no Carioca Club.
Misturando literatura e teatro com emocore, Kamaitachi lembra os primórdios de Panic! At the Disco, e os fãs mais novos que estavam no Oxigênio sabiam cantar todas as suas músicas. Um momento “geração z do emo”.
Kamaitachi também marcou presença nos shows de menores atos e Supercombo, headliners do segundo dia de festival, que também teve o reencontro dos fãs com o Glória e um dos melhores shows da história da Cefa.
(Grande) Família Pense, fenômeno CPM 22 e passagem histórica de Helmet pelo Brasil
Com nomes grandes e em evidência na música atual, era de se esperar que o sábado seria o dia mais cheio do Oxigênio 2022. Mas, foi o último dia que levou um mar de gente para o Campo de Marte.
Quem chegou cedo, pôde ver Tara Bipolar e Der Baum inaugurarem os palcos.
Inclusive, a Der Baum, junto do Forgotten Boys, foram os sons mais destoantes do “dia do hardcore”, já que a primeira faz um som mais voltado ao post punk e a segunda é meio rock clássico meio indie.
A tarde também rolou The Mönic – cujo set foi parecido com o do Insane Music Festival, mas contou com a participação da The Zasters para um feat que só quem foi ao Oxigênio 2022 viu ao vivo –, e Abraskadabra, que levou todo mundo pra dançar ska na chuva que caiu durante a tarde.
Com DFC, a vibe hardcore do domingo começou a tomar mais forma, mas o que se viu depois, no show do Pense, talvez ninguém esperasse.
O Pense subiu ao palco ouvindo o público gritar por eles e a emoção era sentida antes mesmo de “Revitalizar”, clássico da banda, começar. E o show seguiu com o público se dividindo entre cantar mais alto que a banda, dar stage dives e abrir rodas gigantescas.
A banda, visivelmente emocionada, discursando sobre racismo e preconceito, e falou muito sobre a emoção do retorno. O guitarrista, Daniel, falou que sempre soube do tamanho da “família Pense”, mas não tinha noção do quão forte era o sentimento até aquele show.
Depois de Gritando HC, começamos a entrar nos momentos finais do Oxigênio 2022, que não poderia ter encerrado de maneira melhor.
Mantendo sua originalidade, o CPM 22 é um fenômeno mainstream que nunca perdeu as raízes underground, tanto que mesmo tendo porte de headliner tocou antes de Colligere, Flicts e Garage Fuzz. Inclusive, três bandas que fizeram shows memoráveis no evento.
Mas, o grande nome do domingo foi Helmet, que encerrou o Oxigênio 2022 em sua segunda passagem pelo Brasil.
Com uma legião de fãs vestindo a camisa da banda, Helmet fez um set que foi de “Milquetoast” e “Iron Head” a “Unsung” antes da banda voltar para o “bis”.
Estrutura agradou, mas chuva deu margem para reclamações
O espaço do Hangar do Campo de Marte foi uma ótima escolha para o evento. Maior, com espaços cobertos e outros abertos, abriu possibilidade para mais ativações de marca e atividades diversas.
A VANS e a Instax criaram atividades interessantes, desde tirar uma foto instantânea e levar pra casa até oficinas de customização e um stage dive numa piscina de espuma.
O segundo palco ficou em um espaço um pouco apertado e algumas pessoas reclamaram da falta de opções de alimentação. Porém, foi a chuva que deu mais margem para comentários negativos.
No domingo, os primeiros shows foram prejudicados pela chuva, que, foi passageira, mas forte. Nesse momento, parte do público comentou que sentiu falta do evento em sua antiga localização, a Via Mattarazzo, que também era mais perto do metrô.
Agradar a todos é sempre difícil, ainda mais quando shows acontecem em espaços abertos e chove exatamente no dia mais esperado. Mas, se o Oxigênio continuar crescendo para se manter um grande festival, espaços cada vez maiores deverão ser uma opção.
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