No dia 12 de novembro o Allianz Parque, em São Paulo, recebeu o festival GP Week, que contou com atrações como Fresno, The Band Camino, Hot Chip, Twenty One Pilots e The Killers.
A banda Fresno foi a única atração nacional do festival e a primeira a subir ao palco logo cedo, quando o estádio ainda não estava muito cheio, mas isso não atrapalhou o show nem a interação do vocalista Lucas Silveira com o público. A banda tem 23 anos de estrada e acumula grandes sucessos que foram considerados hinos quando o emo estava em alta. Agora, com a volta da moda emo, parece muito plausível que a banda Fresno esteja com todos os holofotes, certo? Errado! A Fresno nunca parou no tempo, nunca se deixou virar passado.
É uma banda que durante todos esses anos se reinventou mais de uma, duas, três vezes. E, com essa reinvenção, a amplitude de fãs também foi aumentando, desde os mais antigos, millenials que choravam com as músicas do O Rio, a Cidade, a Árvore; os mais novos, GenZ, que se empoderam com Vou Ter Que Me Virar. Ali, foi a primeira demonstração de que o festival traria muitos encontros de geração e, mais uma vez, a banda mostrou que é possível, sim, chegar duas vezes ao seu auge.
Em seguida, foi a vez da The Band Camino. Provavelmente, a banda menos “conhecida” e com certeza a mais nova do festival. Os norte-americanos estão na ativa há pouco tempo, desde 2015, mas já têm ótimos trabalhos na carreira e vídeos com bastante visualizações no TikTok. As músicas vão de eletropop a pop punk e agradaram bastante ao público presente, dos mais jovens aos mais velhos. Ainda rolou a participação especial do guitarrista brasileiro Mateus Assato, que tocou junto com a banda as três últimas músicas. Essa foi a primeira vez dos caras aqui no Brasil e é seguro dizer que só com esse show eles já garantiram novos fãs.
A diferença entre gerações ficou ainda mais perceptível quando chegou a vez do Hot Chip, banda britânica de Synthpop que fez sucesso no final dos anos 2000 com os sucessos “Ready For The Floor” e “Over and Over”. O som dançante da banda animou os fãs, a maioria na faixa de idade entre 30 e 40 anos; já os mais jovens pareciam não estar tão no clima. De qualquer forma, os britânicos fizeram um excelente show, rápido, florescente e sem muito tempo para pausas ou para deixar que a grande quantidade de gente sentada de costas para a grade atrapalhasse o clima do show.
A verdade é que, questionável ou não, o descanso da galera se devia muito a um preparo para os próximos shows da noite – o verdadeiro motivo para que a grande maioria do público desembolsasse uma grana violenta para estar ali. Sejamos honestos, quem gosta de shows vive com a sensação agridoce de sempre ter bandas incríveis vindo para o Brasil, mas a um custo muito alto para assistir.
Twenty One Pilots entregou tudo no GP Week
Os fãs aguardavam ansiosamente a vinda do duo Twenty One Pilots, que teve sua última passagem pelo Brasil em 2019, no festival Lollapalooza. Antes mesmo de o show começar, era notável a agitação do público, que gritava enquanto a produção preparava o palco e que compareceu em massa ao Allianz Parque com camisetas da banda, toucas, fitas amarelas coladas ao corpo, tintas nas mãos e no pescoço. Tudo o que pudesse remeter às fases da banda de Tyler Joseph e Josh Dun.
Logo no início do show, os fãs mostraram que melhor do que ficar apenas assistindo à performance enérgica da banda é cantar todas as músicas fervorosamente. O duo entendeu o recado e entregou absolutamente tudo, desde performances que os brasileiros já tinham visto de perto, como quando Josh Dun dá mortal de cima do piano ou mesmo quando toca bateria no meio do público até um momento intimista, que destoa do restante do show (mas de forma positiva) quando uma fogueira é improvisada para que o duo toque, junto à banda de apoio, músicas acústicas. Dessas novas performances que o Twenty One Pilots vem fazendo nos shows a fora, uma em específico foi especial: Tyler regendo todo o estádio durante a música “Mulberry Street” e de quebra dando instruções em português.
De pirotecnia a escalada na torre de som, absolutamente todos os momentos do show foram curtidos pelos fãs, que estavam deslumbrados com a experiência – porque, sim, esse é um show para se ver pelo menos uma vez na vida.
Ao fim do show, muitos papéis coloridos picados no chão. Muita gente com cara de quem havia corrido uma maratona, mas a festa estava longe de acabar. Faltava o headliner da noite, o The Killers, que também levou uma multidão de fãs ao estádio.
The Killers fecha o GP Week com show impecável
No intervalo entre Twenty One Pilots e The Killers, o que chamou a atenção ali perto do palco foi a troca de fãs na grade, na maior parte do tempo de forma pacífica, entre os fãs mais jovens que foram curtir TØP e os fãs mais velhos que queriam muito ficar perto para ver The Killers. A idade entre os dois públicos nem é algo assim tão discrepante, talvez uma década de diferença entre os fãs, mas isso não significa nem de longe menos energia.
Pouco depois das 21:40, com certo atraso, o The Killers subiu ao palco com a difícil missão de não deixar o público esfriar depois do espetáculo que foi o show anterior, mas a verdade é que já na primeira música, o frontman Brandon Flowers mostrou que aquilo era fichinha. Não tem como o The Killers fazer um show morno. O vocalista tem um carisma capaz de manter qualquer um com os olhos arregalados em direção ao palco.
Flowers fez questão de perguntar duas vezes “vocês esqueceram da gente?” já sabendo que a resposta seria um grandissíssimo “não”, então respondeu “vamos descobrir agora!”. Como um velho e delicioso clichê de show de rock, a banda chamou um fã para subir ao palco e tocar bateria durante a música “For Reasons Unknown”, que surpreendeu todo mundo por ter mandado muito bem. Ao final da música, o fã ainda quis ficar um pouquinho no palco, mas Flowers gentilmente reforçou que ele precisava descer, “he doesn’t want to leave (ele não quer sair)”, brincou o frontman, que mostrou que estava com muita vontade de seguir o show.
Igualmente potente, mas de certa forma mais confortável porque os fãs queriam mesmo era cantar junto e curtir o show, a noite seguiu com um setlist arrebatador. Depois de uma noite repleta de sucessos como “Somebody Told Me”, “Runaways”, “Read My Mind”, “All These Things That I’ve Done”, entre outras, a banda fechou o show incrível com “Mr. Brightside”.
Sem muitos malabarismos e pirotecnias, a verdade é que o show dos Killers é tão grandioso quanto o antecessor. Não me atrevo a dizer qual foi o melhor show da noite – isso vai do ponto de vista de cada geração.
Confira os setlists dos shows do GP Week!
Fresno
- VOU TER QUE ME VIRAR
- FUDEU!!!
- Natureza Caos
- Manifesto
- Quebre as correntes
- Já faz tanto tempo
- Cada acidente
- AGORA DEIXA
- ELES ODEIAM GENTE COMO NÓS
- Diga, parte 2
- CASA ASSOMBRADA
- Eva
The Band Camino
- Know It All
- Roses
- Less Than I Do
- 2/14
- I Think I Like You
- Who Do You Think You Are?
- Song About You
- Never A Good Time
- Hush Hush
- Just A Phase
- California
- Damage
- What I Want
- Haunted
- See Through
- 1 Last Cigarette
- Daphne Blue
Hot Chip
- Down
- Flutes
- Eleanor
- Freakout/Release
- Hungry Child
- Ready for the Floor
- Straight to the Morning
- Melody of Love
- Dance
- Over and Over
- Huarache Lights
- I Feel Better
Twenty One Pilots
- Guns for Hands
- Morph
- Holding on to You
- The Outside
- Chlorine
- Mulberry Street
- The Judge / Migraine
- The Hype / Nico and the Niners / Tear in My Heart
- House of Gold / We Don’t Believe What’s on TV
- Halo Theme
- Jumpsuit
- Heavydirtysoul
- Level of Concern
- Ride
- Shy Away
- Car Radio
- Stressed Out
- Heathens
- Trees
The Killers
- My Own Soul’s Warning
- Enterlude
- When You Were Young
- Jenny Was a Friend of Mine
- Smile Like You Mean It
- Shot at the Night
- Running Towards a Place
- Human
- Somebody Told Me
- Boy
- A Dustland Fairytale
- Runaways
- Read My Mind
- Dying Breed
- Caution
- For Reasons Unknown
- All These Things That I’ve Done
- Spaceman
- Just Another Girl
- Mr. Brightside