Resenha por Lucas Barbosa
Fotos por Guilherme Góes, do site Hedflow.
A noite do dia 15 de outubro de 2022 foi histórica para os fãs de hardcore. Isso porque o Nitrominds, uma das bandas mais emblemáticas do underground nacional, lotou o Hangar 110 em um belíssimo show de reunião, o terceiro desde que o power trio formado por André Alves, Lalo Tonus e Edu Nicolini anunciou o fim das atividades, em 2012. E obviamente, o Musicult esteve lá, conferindo essa festa de perto, que passou por toda a discografia da banda.
Mas…first things first: antes do Nitrominds, a Apnea foi a banda convidada para abrir a noite.
A Apnea nasceu em Santos em 2019 e é formada por veteranos da cena da cidade: Boka, do Ratos de Porão; Nando Zambeli, ex-Garage Fuzz; Marcão, ex-Safari Hamburguers e Bayside Kings; e Gabriel Imakawa, do Jerseys. O quarteto aposta em uma sonoridade que mistura elementos de rock n’roll e stoner rock, resultando em músicas cheias de riffs pesados, cantadas em inglês, com muita melodia. Resumindo: um prato cheio para fãs de bandas como Fu Manchu, Black Sabbath, Led Zeppelin, entre outras.
A banda abriu o show com “What Future Holds”, do recém-lançado disco Sea Sound. Em seguida, veio “Star King”, uma das primeiras músicas lançadas pela Apnea. Nos intervalos do show, Marcão agradeceu a oportunidade de poder tocar em uma casa tão importante para o underground nacional, como o Hangar 110, e alternando entre músicas com mais energia e mais “vibe”, o Apnea fez uma apresentação de pouco mais de uma hora, passando por diversas músicas do repertório, como “Deepness”, “Cruel” e “Peacefully”.
Com uma apresentação concisa e extremamente redonda, a Apnea conquistou a atenção do público, principalmente a minha, que tive outras oportunidades de vê-los e acabei não conseguindo. Mas a espera valeu a pena e a banda entregou uma apresentação acima de qualquer expectativa, preparando a plateia para o êxtase que viria a seguir.
Pausa para a troca de set, a famosa cortina do Hangar se fecha e, meia hora depois, se abre, agora com o Nitrominds no palco, que iniciou a apresentação já mandando clássicos de sua discografia, como “No Pessimism”, “Something to Believe” e “Seeds In The Ground”, cantadas a plenos pulmões pelos presentes, que alternavam entre stage dives, circle pits e sing alongs na beira do palco.
“Os veinho tão de volta fazendo show. Que prazer!”, disse Lalo antes do power trio iniciar mais um bloco. O set da banda de Santo André contemplou toda a discografia, apresentando músicas como “40 Minutes of Freedom”, “Sun Shines Outside”, “Start Our Own Revolution”, “On The Road” e “Wasting Time”.
No show, era impressionante como André e toda a banda eram contagiados pela energia do público. E foi nesse clima que o Nitrominds convidou Ricardo, seu primeiro vocalista, para cantar músicas do primeiro disco, como “Don’t care for the life I’m leading” e “I Know It”, que também contou com participação de Boka.
O bloco que veio a seguir foi, definitivamente, o que botou a casa abaixo: “Fences All Over”, “Policemen”, “Imperialism” e a mais que clássica “Flowers and Common View” que fizeram até os mais enferrujados embarcarem nos circle pits e stage dives sem se importar com as dores que viriam no dia seguinte (falo isso por experiência própria).
Até então, Nitrominds foi o melhor show que vi no Hangar. Uma verdadeira catarse. Talvez minha opinião seja suspeita, porque Nitrominds faz parte da minha vida há 15 dos meus 30 anos, e poder vê-los pela primeira vez ao vivo foi incrível.
O show acabou com aquele gostinho de quero mais e as dúvidas típicas de viúvos de bandas: será que voltam? Quando será o próximo show? Só nos resta aguardar os próximos anos.