O POPLOAD Festival 2022 reuniu 14.500 pessoas no Centro Esportivo Tietê, em São Paulo, no último dia 12, e contou com um lineup com ótimas atrações.
O festival começou com o show de Jup do Bairro, que em um episódio lamentável teve seu show cortado na última música pela organização do festival; em seguida, a banda Perotá Chingó se apresentou no palco principal. O Musicult não estava presente nesses dois shows, portanto a resenha parte dos shows seguintes.
Fresno e Pitty supriram bem o desfalque do Years & Years
Poucos dias antes do festival, o grupo de electro-pop Years & Years precisou cancelar a vinda ao festival, que logo colocou a banda Fresno com a participação da Pitty para substituir o desfalque.
Funcionou bem porque a Fresno há tempos deixou de ser uma banda conhecida apenas pelo público emo e vem fazendo cada vez mais sucesso, além de lançar excelentes trabalhos ao longo dos últimos anos – a crescente desde o início da pandemia foi notável demais, não à toa a banda vem participando de praticamente todos os festivais desse ano – merecidamente!
A cantora Pitty subiu ao palco ali pela metade do show para cantar algumas músicas junto ao Lucas Silveira e não tem nem o que dizer, ela traz sempre uma potente presença de palco, além de ter sua fórmula garantida: sucessos que marcaram a geração dos anos 2000 como “Sua Estante” e “Máscara“. Quem também fez uma breve participação no show foi a Lio da Tuyo que, de forma improvisada, cantou “Cada Acidente“.
Cat Power e Chet Fake se apresentaram para um público disperso
A cantora Cat Power, que se apresentou por volta das 16h, trouxe ao festival um repertório com bastante cover de qualidade. Com muito carisma e simpatia, a cantora se divertiu no palco sem se preocupar muito com o público parado. A verdade é que o show foi intimista e aconchegante demais, daqueles que dá vontade de assistir bem confortável e com uma taça de vinho na mão.
Em festivais, é comum que as pessoas comecem a se movimentar ali pelo fim da tarde para buscar comida, água, dar uma passada nos banheiros e se preparar para os shows principais. E foi isso que começou a acontecer no fim do show da Cat Power. Porém, uma surpresinha nem tão surpresa assim deu uma leve mudada nos planos de quem estava lá: a chuva breve, mas forte, que caiu fazendo com que as pessoas corressem para procurar abrigo – não adiantou muito porque não tinha onde se esconder a não ser nos banheiros.
A chuva deu uma trégua e o show do cantor e compositor australiano, Chet Faker, começou, mas logo foi afetado pela falta de atenção de boa parte do público, que ainda estava tentando se reestabelecer depois da chuva. Também foi justamente no horário em que o festival começou a lotar e, com isso, as filas ficaram ainda maiores. Não é exagero dizer que teve gente que passou o show inteiro na fila do caixa.
Mesmo com a dispersão das pessoas, Chet Faker pareceu curtir bastante seu momento no festival. O cantor se apresentou sozinho no palco e trouxe uma sequência que recuperou a atenção do público: “No diggity”, “Gold”, “Talk is cheap” e “Low” encerraram a apresentação do australiano como merecia ter acontecido desde o início, com a galera entretida e cantando junto.
Jack White foi o dono da noite
A noite começou com um clima ameno e o céu já sem ameaças de chuva, tudo conspirando para o início da aula de Jack White, que lançou só neste ano dois álbuns: Fear of the Dawn e Entering Heaven Alive. Mas os fãs que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer esses dois trabalhos novos do cantor não precisaram se preocupar pois o show contou com uma setlist repleta de grandes sucessos da carreira solo de White assim como seus outros projetos como The White Stripes, The Dead Weather e The Raconteurs (que se apresentou no último POPLOAD, em 2019).
Músicas como “You Don’t Understand Me“, “Icky Thump”, “Lazaretto“, “Fell in Love With a Girl“, “Steady, as She Goes” e “Seven Nation Army” levantaram a galera que foi prestigiar o artista que deu tudo de si no palco. As novas músicas “Taking Me Back“, “Fear of the Dawn“, “Love Is Selfish“, “If I Die Tomorrow“, “Hi-De-Ho” e “The White Raven” também foram muito bem aceitas pelos fãs e mostraram o que a gente já sabe: o músico excêntrico de cabelo azul está em um excelente momento.
Jack White aproveitou para fazer vários agradecimentos aos fãs e dizer que pretende fazer uma turnê em São Paulo, mas fora de festivais. E, sinceramente, tá na hora disso acontecer mesmo, pois ele tem um repertório imenso que dificilmente caberia em pouco mais de 1h de show, que é a média em festivais. Alô, produtoras, por favor façam acontecer!
Confira o Setlist completo do Jack White no POPLOAD 2022
- Taking Me Back
- Fear of the Dawn
- Dead Leaves and the Dirty Ground (The White Stripes)
- You Don’t Understand Me (The Raconteurs)
- Love Is Selfish
- If I Die Tomorrow
- Cannon (The White Stripes)
- Icky Thump (The White Stripes)
- That Black Bat Licorice
- Hi-De-Ho
- I Cut Like a Buffalo (The Dead Weather)
- Lazaretto
- The White Raven
- Fell in Love With a Girl (The White Stripes)
- Steady, as She Goes (The Raconteurs)
- Seven Nation Army (The White Stripes)
Pixies encerrou com chave de ouro em show rápido e enérgico
A banda headliner da noite, Pixies, encontrou o festival um pouco mais vazio, isso porque uma parte do público foi embora após o show do Jack White. Mas quem permaneceu no festival só teve a ganhar com um show tecnicamente impecável. Com sucessos que mexem com o coração dos fãs e têm grande apelo nostálgico, a banda não desperdiçou tempo com “frufru” e foi direto ao ponto com uma música atrás da outra, sem pausa.
Um momento engraçado foi quando o vocalista Black Francis, já na metade do show, mandou um “Hey…”, e muita gente respondeu como se fosse um cumprimento, mas o cantor seguiu com “… been trying to meet you” – era a letra da música “Hey“. Eu ri com respeito e pensando “que momento incrível”.
Claro que nem tudo são flores. Quando o show tem essa pegada mais “paulada atrás de paulada”, o tempo passa muito rápido e a sensação de que o show foi curto demais acaba trazendo certa frustração para os fãs. Frustração essa que foi perdoada com a sequência linda de “Here Comes Your Man“, “Wave of “Mutilation“, “Ana“, “Where Is My Mind?” e o cover de Neil Young “Winterlong” que fechou o show com chave de ouro.
Confira o Setlist completo do Pixies no POPLOAD 2022
- Gouge Away
- Wave of Mutilation
- Head On (The Jesus and Mary Chain)
- Something Against You
- Isla de Encanta
- Gigantic
- Cactus
- Caribou
- Cecilia Ann (The Surftones)
- St. Nazaire
- Hey
- Mr. Grieves
- Human Crime
- Debaser
- Planet of Sound
- Vault of Heaven
- Who’s More Sorry Now?
- There’s a Moon On
- Vamos
- Here Comes Your Man
- Wave of Mutilation
- Ana
- Where Is My Mind?
- Winterlong (Neil Young)
Experiência: que funcionou e o que precisa melhorar muito
O Centro Esportivo Tietê tem sido considerado a nova aposta para shows e festivais e o POPLOAD serviu como termômetro. Porém, como de praxe em muitos festivais, a experiência se dividiu entre altos e baixos.
Como prós, tivemos a localização do festival, que é estratégica (o CET fica bem próximo ao metrô); o local é muito bem arborizado (salva muito em dias de sol quente) e o palco foi montado com uma altura que permitiu que mesmo quem estava no fundo conseguia enxergar bem, além do som que estava ótimo. A iluminação do entardecer deu um charme a mais para o festival. Para quem, como eu, costuma sentir os sintomas da idade, havia espaço com banquetas e também redes para descanso, fora a facilidade de sentar na grama sintética. Não podemos esquecer dos banheiros que não eram químicos e, dentro do possível, estavam conservados.
Para se alimentar, teve bastante opção, desde hambúrgueres (com opções veganas) a pastéis, espetinhos, culinárias mexicana, cozinha brasileira e alguns food trucks também. Nesse sentido, não vi muitas diferenças de valores em relação a outros festivais, no final, tudo é sempre meio caro mesmo.
Por outro lado, a experiência deixou a desejar em muitos pontos: com muitas filas nos caixas, o público que queria comprar créditos para o cartão acabava se misturando com quem estava querendo chegar perto dos palcos, o que gerou alguns incômodos. Havia outros caixas no fundo do festival, que estavam igualmente lotados e com o mesmo problema de misturar filas, porém ali a mistura de filas era com quem queria ir ao banheiro. Havia, ainda, alguns caixas ambulantes, mas nada que realmente desafogasse as filas, até porque muitos ficavam parados adivinhem onde… ao lado do caixa fixo.
A localização dos banheiros também foi um tiro no pé. Isso porque para o público com ingresso comum, só havia um local com banheiros e era bem lá no fundo do festival. Para quem tinha acesso à pista premium, havia outro local com banheiros, mas menor. Esse layout não foi favorável e gerou ainda mais filas.
O preço para se hidratar e beber algo gostoso também foi bem caro de se pagar. O copinho de água custou 7 reais, uma lata de refrigerante custou 11 e o chope 18. Assim fica difícil curtir o festival sem deixar um rim nos caixas.
Um problema que não é bem direcionado à organização do festival, mas fica de alerta para futuros shows no CET é a questão de não ter lugar seguro para se proteger em caso de tempestades fortes. Isso porque quem está lá precisa escolher entre ficar no meio da chuva a céu aberto, ficar próximo das estruturas de metal dos palcos ou correr para debaixo de árvores – nenhuma dessas opções é segura.
Ativações e marcas parceiras
Em relação às ativações das marcas parceiras, o público pôde curtir experiências interativas como no stand da Samsung Galaxy e espaços instagramáveis como o Reel Stop (um caminhão com uma estrutura feita para captar e produzir vídeos curtos).
Para quem curte bons drinks, opção não faltou: a Tanqueray foi responsável por assinar os bares e oferecer versões variadas de gin tônica com todos os seus labels; a Easy Drinks criou um drink exclusivo para ocasião, o POPGIN & TONIC; a Better Drinks, por sua vez, marcou presença com sua marca de vinho em lata, a Vivant, e com a Baer-Mate, um mate gaseificado com cafeína natural.
Por mais que o POPLOAD Festival tenha chegado ao fim, o público ainda tem alguns encontros marcados com o POPLOAD Gig até o fim de 2022. Duas apresentações da eterna sensação do eletropop Metronomy estão confirmadas no país. O grupo inglês liderado por Joseph Mount sobe ao palco no dia 3 de dezembro, no Pavilhão Pacaembu, em São Paulo; e no dia 4 de dezembro, no Sacadura 154, no Rio de Janeiro. Os ingressos já estão disponíveis no site da Tickets Forfun.