Fotos por Paola Oliveira (@aminadasbandas)
Texto por Letícia Pataquine e Fernando Oliveira
No último domingo, dia 28, aconteceu no Carioca Club, em São Paulo, o Insane Music Festival, que reuniu as bandas The Mönic, R4vel, Bayside Kings, Surra, Matanza Inc., Garage Fuzz, Mukeka di Rato e Dead Fish.
O evento começou às 14h e meia hora depois a The Mönic subia ao palco. Formada por Dani Buarque, Alê Labelle, Joan Bedin e Thiago Coiote, a banda trouxe muita representatividade com mulheres à frente e uma bandeira LGBTQIA+ decorando o palco.
A banda tem muita energia e Dani é uma frontwoman que sabe conduzir o show e animar o público que, até aquele momento ainda era pequeno. Inclusive, fica aqui uma dica pra quem não costuma chegar cedo nos festivais: parem com isso agora, pois vocês perdem ótimos shows, e esse foi o caso de quem não chegou pra ver The Mönic, que tocou algumas músicas conhecidas do álbum Deus Picio e outras do disco que está por vir, como “Bateu” e “TDA”, deixando todo mundo ansioso pelo próximo lançamento das minas, com músicas em português, e ainda contou com a participação de Rafael Brasil, do Far From Alaska, tocando guitarra em uma das músicas.
Quem também não chegou cedo, perdeu outro show pra guardar na memória, a R4vel, que começou às 15h20 em uma casa um pouco mais cheia e que assistiu, com empolgação a um show com músicas positivas e sentimentais, daquelas que o público adora cantar junto.
Foi o primeiro show da banda no Carioca e eles comentaram sobre estar muito felizes de estarem no evento com outras bandas, e essa felicidade transpareceu na postura da banda no palco, que fez até um momento acústico com o vocalista, Eduardo Costa, e a baterista, Jessica Alberola, além de tocar o novo single, “Refúgio”, e destacarem a música “Não Passa de um Jogo”.
E às 16h10, o Bayside Kings subiu ao palco pra colocar a casa abaixo. Em algum momento, alguém jogou uma prancha de isopor na plateia e além dos mergulhos no stage dive, rolou surf com muita gente subindo na prancha e sendo carregada na plateia enquanto o Bayside tocava.
O show do Bayside Kings começou com “Quem é você”, emendou com “Freedom” e, depois de passear entre as músicas em inglês e as novas faixas do EP Tempo, finalizou com “Existência”, e preparou o espaço para a entrada da banda seguinte, que viria na mesma energia caótica.
Estamos falando do Surra, trio de trashpunk, que soube aproveitar o pouco tempo que as bandas normalmente têm em festivais e emendaram um som atrás do outro em um ritmo alucinante, que só aumentou as rodas na plateia, em uma casa que já estava bem cheia nesse momento.
O show do Surra começou com “Escorrendo pelo Ralo” e passou por “Brasileiro, otário e triste”, “7×1”, “Parabéns aos Envolvidos”, “Merenda”, “Bom Dia, Senhor” e muitas outras preferidas do público até o último single da banda, “Mísseis Democráticos”. A banda se destaca pela qualidade do show, a quantidade de músicas tocadas e por colocar um samba pra tocar em meio a um festival de hardcore, com a introdução da música “Virou Brasil (pt. 2)”.
Quebrando um pouco a vibe de stage dives e rodas gigantes do hardcore rápido que tinha tomado conta do espaço, o Matanza Inc. subiu ao palco com seu country core, misturando guitarras pesadas e letras divertidas e irônicas.
Começando com “Seja o que Satan Quiser”, a banda pôde apresentar as músicas mais recentes para muitas pessoas que não conheciam o novo repertório – mas que sabiam cantar as clássicas “O Chamado do Bar”, “Santa Madre Casino” e “Interceptor V6” – e empolgar sua fiel legião de fãs que foi para a frente do palco cantar junto com o Matanza Inc., que encerrou o show com “Pandemonium”, uma faixa lado B do álbum Música para Beber e Brigar, de 2003.
E já que falamos de clássicos, o show seguinte foi Garage Fuzz, banda que sempre empolga muita gente onde quer que toque. Nós já falamos muito sobre a emoção despertada nos fãs em cada show do Garage aqui nessa resenha, mas no Insane, com um Carioca Club bem cheio, essa emoção foi a níveis ainda maiores.
A banda tocou várias músicas do EP Turn The Page, algumas do último EP, já com Vitor nos vocais e terminou com uma das músicas mais gostosas de cantar em um festival lotado: “The Morning Walk”. Após o show, o público apaixonado implorava mais um som da banda, mas festivais não podem ultrapassar os horários e a noite seguiu, caminhando para o final.
Depois do hardcore melódico do Garage, voltamos pra energia do caos que tivemos com Bayside e Surra no começo da tarde, mas agora com Mukeka di Rato, uma das mais aguardadas da noite, afinal a banda voltou em 2022 com o disco Boiada Suicida, primeiro desde Máquina de Fazer, de 2018, e com uma novidade na formação: com a saída de Sandro, a banda agora se apresenta com Fe Paschoal como vocalista.
Antes mesmo da banda aparecer no palco, o espaço foi tomado pelo som de um berrante, e quando as cortinas se abriram era possível ver um boneco com uma roupa suja de sangue estampada com a bandeira do Brasil pendurado de cabeça pra baixo, além da capa do álbum no telão.
O Mukeka passou por sucessos de sua discografia como “Maconha”, “Quer ir? Vai!”, “Minha Escolinha” e muitos outros, enquanto no público as rodas eram gigantes, rolava muito stage dive e as pessoas mostravam já ter decorado vários novos sons do Boiada Suicida.
E já que o Carioca Club foi tomado por capixabas, a última banda da noite foi o Dead Fish, com um setlist especial, em comemoração aos 31 anos da banda, passando por toda a sua discografia, intercalando aquelas que foram sucesso na MTV como “Zero e Um” e “Bem-vindo Ao Clube” e músicas pros fãs como “Iceberg” e “Siga”.
O show ainda teve a participação de Reynaldo, vocalista da Plastic Fire, na faixa “Tão Iguais”, revivendo um momento do DVD ao vivo de 20 anos do Dead Fish.
E depois dessas 8 bandas unidas pelo propósito de mostrar que a cena hardcore nacional segue muito viva e que nada une mais as pessoas do que a música, o público saiu de alma lavada e pensando “que rolê!”, pois foi uma sequência de shows que despertaram muitos sentimentos bons, seja com a representatividade da The Mönic, com a positividade das letras da R4vel e do Bayside Kings, com a raiva extravasada no show do Surra, a diversão do Matanza, a nostalgia do Garage Fuzz, a despretensiosidade do Mukeka ou a vontade de mudar o mundo despertada pelo Dead Fish.
Aguardamos o próximo Insane Music Festival ano que vem, mas no fundo do nosso coração a gente queria que tivesse um desse todo mês.