A ironia da diversão em meio ao caos no novo EP da Anônimos Anônimos

A Repetente Records lançou hoje o primeiro EP de uma das bandas do selo: a Anônimos Anônimos, que depois de estrear com “Só se morre uma vez” e de mais 3 singles na sequência, divulga agora seu EP Baita Astral, com cinco faixas, sendo uma delas inédita.

Com uma sonoridade autêntica, a banda mostra sua identidade punk e alternativa com faixas que têm em comum um humor ácido e irônico abordando o caos em que vivemos hoje.

Ouvimos o EP, ficamos viciados e fizemos uma faixa a faixa pra você conferir a seguir.

Faixa a Faixa

Divertido e provocador desde a capa, feita pelo artista e tatuador Caio Minero, que também criou o logo da banda, o EP começa com “Esse cara não sou eu”, que, apesar do título brincar com o hit de Roberto Carlos, é uma das faixas mais pesadas e sérias do EP, descrevendo o típico “homem de bem” que é viciado em violência.

Uma das razões para que a faixa ficasse mais pesada foi a participação de Phil Fargnoli, produtor do EP, que também toca guitarra nessa música.

Depois, temos o primeiro single da banda, “Só se morre uma vez”, mais leve e divertido, que começa questionando o que há depois da morte, mas não se perde em teorias, preferindo ir para o caminho de mostrar que o presente é o que importa e que aproveitar para viver ao invés de existir é a melhor saída para seguir nesse mundo insano.

Eu existo/ É quase impossível/ E eu tô vivo/ Então eu grito e eu prefiro/ Dividir isso contigo/ Eu sei que nada faz sentido/ Que se foda eu já nem ligo/ Assim eu sigo

O tom dado pela segunda faixa é o que segue ao longo do EP: a ironia de conseguir se divertir em meio ao caos de um mundo que parece tentar, constantemente, nos derrubar, como é o caso de ” Tô bem não” seguida de “Seja Ridículo, Seja Feliz”, a única inédita do EP.

As duas faixas, seguidas, parecem resumir a instabilidade sentimental que todos nós vivemos quase que diariamente em um mundo virado de cabeça pra baixo. Em “Tô bem não” encontramos o grito para aqueles momentos em que nos encontramos cansados de estarmos cansados, frustrados e esperando por dias melhores. Apesar da letra ser sobre um sentimento negativo, a melodia divertida nos dá vontade de dançar.

Já em “Seja Ridículo, Seja Feliz”, encontramos um mantra para nos lembrar de que viver é muito mais do que pagar boletos, trabalhar 8h por dia e assistir noticiário:

DANCE – como se ninguém estivesse vendo/ CANTE – como se não houvesse amanhã/ CHORE – sem medo de ser menor/ AME – como você quiser/ Seja ridículo, Seja feliz.

Sobre essa letra, o vocalista da Anônimos, Flávio, disse: “Esta música tem uma metalinguagem e uma importância muito grande pois foram pensamentos que eu, de alguma forma, dizia pra mim durante a concepção deste projeto dos Anônimos Anônimos e, no fim, tem uma mensagem positiva pra se compartilhar com todos. Basicamente: seja sincero com seus sentimentos e expressões e divirta-se, sem se preocupar com o julgamento alheio. Alguém sempre vai falar mal, então, tanto faz. Tenha coragem de se expor com orgulho e ser feliz como você é”.

A última faixa, “Arquipélago” é a love song do álbum, mas se tratando de Anônimos Anônimos não é uma love song comum, e sim sobre o encontro de dois “f*******”, que sabem que relacionamentos nem sempre são fáceis, que o “pra sempre” talvez nunca aconteça, mas que buscam viver aquele momento intensamente.

Mas pra vencer qualquer bloqueio eles têm um segredo/ A sua curiosidade é sempre bem maior que o medo/ Eu já entenderam que o pra sempre as vezes demora demais/ Mas tem um ótimo plano para as próximas horas ou mais

Baita Astral foi produzido por Phil Fargnoli, guitarrista do CPM22 (ex-Dead Fish, Reffer, Zander, entre outras) durante o ano de 2021 e a gravação foi um processo muito significativo para todos, segundo a banda, pois a imersão para que este EP saísse representou raros momentos de encontro e criatividade entre as ondas da pandemia, quando tudo estava parado.

“Tomamos todos os cuidados que a época pedia, por isso acabamos levando quase um ano para terminar o EP, dando pausas entre as sessões. No fim, isso só tornou mais especial cada encontro e momento juntos, quando podíamos matar a saudade de tocar e de trocar ideias“, conta Flavio.

A distribuição digital é da Ditto Music e o EP está disponível em todas as plataformas de streaming, ouça na sua favorita e continue acompanhando a Anônimos Anônimos.