Isabel Nogueira, multiartista natural de Pelotas, à frente do projeto Bel Medula, lança hoje seu quarto disco: Abala Ladaia, com 12 faixas.
Beats eletrônicos e sintetizadores são as marcas registradas do álbum que traz uma atmosfera eletroexperimental, embalada em melodias faladas e misturando referências sonoras do rock e da MPB, remetendo bastante ao clássico Cabeça Dinossauro, dos Titãs.
As letras discorrem sobre temas diversificados inseridos no conceito do álbum, que é dividido em duas partes: a primeira trata de assuntos existencialistas, e a segunda sugere vivências no âmbito sensorial, como experiências vividas no ‘calor do momento’, como revela a compositora.
Para compor, produzir e registrar as doze músicas, a compositora contou com o seu parceiro musical de longa data, luczan, e trabalharam lado a lado no home studio Mar de Tralhas. A mixagem foi realizada por João Meirelles (BaianaSystem, Jadsa) e a masterização por Florencia Saravia-Akamine.
Ouça o disco e, enquanto isso, leia o faixa a faixa feito pela cantora a seguir.
Faixa a faixa de Abala Ladaia por Bel Medula
“Abala Ladaia”, faixa homônima, abre o álbum com peso e beats eletrônicos que bebem da fonte da banda britânica Prodigy: “É uma canção sobre a necessidade de abalar, cortar de vez as ladaias, conversinhas, tretas, trairagens, vacilos e coisas inúteis e superficiais. Veio num tempo em que os palcos estavam sem bandas, a vida a preço de pinga e o cheiro de morte espalhado no ar”.
“A Pedra e a Vidraça” é a canção que abriu a divulgação do álbum e estreou com um videoclipe, dirigido por luczan. É regada por referências do big beat, movimento eletrônico fundado na capital inglesa no final dos anos 90: “A música começou a partir de uma base sampleada de bateria e de riff criado com sintetizador. Na letra falamos sobre aprender com processos, impermanência e como as coisas se transformam. Todas estas experiências nos colocam na posição de entender quem a gente quer ser e como nos posicionamos no mundo que habitamos”.
“Afiador” é uma composição inspirada no som do carro do afiador de facas que passava na rua da Bel. A música resgata a sensação nostálgica relatada pela artista, por tratar de um som familiar presente em sua infância vivida nas cidades do interior. “Gravei o afiador, trabalhei o sample e fiz uma base de bateria e sintetizador trazendo a ideia dos ruídos da cidade que acontecem junto com o pregão do afiador e seu apito”.
“O Sentido é o Olho” exibe batidas diretas que se conectam com o contexto da canção: “O sentido acontece do olho pra dentro. O mundo não tem um único sentido, nem um sentido definido. Nós atribuímos o sentido ao que vemos”.
“Corpo com Corpo” carrega influências de bandas inglesas eletrônicas dos anos 2000: ”Essa canção é sobre sedução e encantamento. Sobre desmentir a física e provar que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo. Simultaneamente a isso, ela narra verdades simples e profundas”.
“Sobre Te Dizer”: “Essa é uma canção que nasce no flow da batida da música eletrônica, da ideia da festa e de tudo que pode acontecer a partir dela. Será que é sonho ou realidade o que te derrete, o que te seduz? É sobre encontrar formas de fazer fluir teu desejo, sobre estar conectada ao seu movimento e perceber tudo que emerge a partir da tua ação no mundo”.
“Eram os Deuses Celebridades” começa com uma estética sonora diferente das outras canções, com uma linha de baixo que poderia ser uma introdução de uma música do Muse, mesclada a batidas eletrônicas: “Às vezes a gente fica esperando um dia perfeito para fazer alguma coisa, uma sensação de que está tudo no seu lugar. Talvez este dia não exista, porque todos os dias são um pouco tortos, e a gente pode entender que são dias perfeitos para criar, dias perfeitos assim como são”.
“Se a dor ensina a gemer o prazer ensina melhor” mistura duas melodias na harmonia da música, sugerindo o tema proposto na letra da canção: “Tem muitos clichês que são repetidos sem que se pense o que dizem e como impactam pensamentos e emoções. Um deles é que o aprendizado inclui necessariamente o sofrimento, uma alegação que naturaliza as dores e as violências. O prazer ensina mais, gemer de gozo é melhor do que de dor”.
“Balanço contratempo”: “Às vezes a vida nos manda uma batida quebrada, um ritmo torto. O melhor que se pode fazer é aprender a não cair, a dançar no balanço do contratempo, se reinventar e encontrar o ritmo do que cada momento pede”.
“Passarinha” entrega uma narrativa nostálgica e onírica, não só em sua letra, como também nos arranjos e melodias: “Os sintetizadores trazem uma linguagem contemporânea para uma canção de roda. Uma ideia de tarde morna, quietude e balanço leve, como o vento que embala a janela”.
“O Sampler é Uma Máquina de Inventar Tradições”: “O processo de sampleamento inventou tradições a partir da sua prática. A letra faz referência a um bombardeio de ideias que acontecem todos os dias na nossa cabeça, como samples de conceitos, às vezes rápidos, outras profundos, desde ideias sobre o funcionamento do universo até posts rápidos. Sons sampleados, ideias amalgamadas, resultando na conclusão de que o sampler é uma máquina de inventar tradições”.
“Bom é dois”: “É sobre encontrar uma parceria, dividir vida, amor, drama, sexo, conversas, planos, celebrações”.
Assim como os singles que antecederam o lançamento do álbum, a capa foi desenvolvida pelo estúdio multidisciplinar de arte e design, Casulo Cria. “Tudo na imagem foi construído com ênfase nas texturas. (…). A paleta de cores é suave, utilizando cores complementares contrastando com a tipografia ‘punch’ bem marcada, mas que se mistura a composição pela aplicação de textura com a cor do background, e o uso de elementos de botânica remete a arte do single Te Dizer”, revela o estúdio.
Bel fará seu show de lançamento de Abala Ladaia no Teatro da Santa Casa em Porto Alegre, dia 7 de julho.
Local: Teatro da Santa Casa – Av. Independência, 75
Data/hora: 07 de julho, às 20h
Ingresso: Inteira R$50 – Solidário / Meia R$25 – Compre aqui.