Por Flavia Carvalho
Felling emo? Vem conferir segunda parte do nosso especial de 5 bandas emo e pop punk que fizeram sucesso nos anos 2000 e por onde andam. Se você não viu a parte 1, basta clicar aqui!
Hateen
Hateen é talvez a primeira banda brasileira que trouxe influências daquilo que seria o início do emo, mas antes disso, a banda focou em músicas cantadas em inglês e com bastante influência do punk e hardcore.
A primeira fita demo da banda, Blind Youth, foi lançada em 1994; Já o primeiro álbum, Hydrophobia, veio em 1996. Em 1998, lançaram o EP Feeling Like Nick; no início do ano 2000, lançaram o segundo álbum, Dear Life, e em 2004 lançaram o álbum Loved.
Somente em 2006 é que o Hateen lançou um álbum com músicas em português, Procedimentos de Emergência, com produção de Rick Bonadio. O single “1997“ fez um sucesso estrondoso e dominou as paradas musicais das rádios, além de ter um clipe que alcançou o primeiro lugar no Top 20 da MTV Brasil.
Clipe de 1997 estourou nas paradas da MTV
Do mesmo álbum, “Quem Já Perdeu Um Sonho Aqui” trouxe os prêmios de “Banda/Artista Revelação” no MTV Video Music Brasil de 2006.
Hateen participou do projeto MTV ao Vivo: 5 Bandas de Rock ao lado de outros grandes nomes da cena brasileira como Fresno, NxZero e Forfun. Em 2008, veio o single “Não Existe Adeus“, que também fez muito sucesso.
Já em 2011, a banda lançou mais um álbum, Obrigado Tempestade, com destaque para a faixa-título do álbum. Em 2016, lançou seu sexto álbum, Não Vai Mais Ter Tristeza Aqui, com destaque para o single “Passa o Tempo“, que conta com a participação de Dani Vellocet.
Em 2018, lançou o DVD Obrigado Hangar 110, gravado ao vivo em um show no Hangar 110 em 22 de dezembro 2017. Este foi o último trabalho lançado pela banda até o momento.
NX Zero foi a maior febre emo
Formada em 2001, NX Zero foi a maior febre da geração emo dos anos 2000. O primeiro álbum de estúdio da banda, Diálogo?, foi lançado em 2004 e tem como maior sucesso a música “Apenas Um Olhar“. Mas foi em 2006 que a banda ficou conhecida como a primeira banda independente a ficar em primeiro lugar no Disk MTV. Neste mesmo ano lançaram o álbum responsável por deslanchar a carreira da banda, o homônimo NX Zero.
O primeiro single, “Além de Mim” fez muito sucesso e alcançou várias paradas musicais nas rádios e na TV. Além disso, o single “Razões e Emoções” é considerado até hoje o maior da banda, sendo uma das músicas mais tocadas no Brasil em 2007.
Em 2008, o NX lançou o álbum Agora, com o single “Cedo ou Tarde“, que também esteve presente e várias paradas musicais. Foi com este álbum que a banda conseguiu um Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Rock Brasileiro em 2009.
Ainda no ano de 2009, a banda lançou seu quarto álbum, Sete Chaves, que foi bem recebido pela crítica e teve como maior sucesso os singles “Espero a Minha Vez” e “Só Rezo“.
Mudanças de estilo
Em 2010, a banda lançou um álbum de remixes chamado Projeto Paralelo, que contou com a participação de diversos artistas como Marcelo D2, Flora Matos, Emicida, Rincon Sapiência, Chorão, Negra Li, Túlio Dek, Gabriel, o Pensador, entre outros. Apesar de receber muitas críticas positivas, o álbum não chegou a fazer o mesmo sucesso que seus antecessores.
Em 2012, com uma mudança no estilo da banda, veio o quinto álbum de estúdio, Em Comum, o último produzido por Rick Bonadio. Com músicas mais suaves, o álbum que teve alguns singles de sucesso como “Maré” e “Ligação” também não alcançou o mesmo feito dos anteriores – era o início de uma crise.
No ano de 2014, a banda chegou a lançar um EP chamado Estamos no Começo de Algo Muito Bom, Não Precisa Ter Nome Não. Em seguida, veio o sexto e último álbum do NX Zero, Norte (2015), com a intenção de ser uma volta por cima, mas também não chegou a fazer sucesso. Em 2017, o vocalista Di Ferrero anunciou que a banda entraria em um hiato sem previsão de volta, que resultou no fim da banda.
Atualmente, os membros do NX Zero seguiram seus próprios caminhos. Di Ferrero, lançou recentemente seu novo álbum “Uma bad, uma farra”. Daniel Weksler está tocando com a Pitty; Gee Rocha está tocando com a Day Limns.
Os emos do Emoponto
Formada em 1999, Emoponto é uma banda carioca que, apesar de ter uma pegada mais underground, conquistou o coração de muitos emos pelo Brasil.
A banda lançou seu primeiro álbum de estúdio, Melhores Dias (2004), que apesar de ter sido gravado inicialmente pela EMI, foi lançado de forma independente depois de a banda ter problemas com a divulgação do álbum. Um dos maiores sucessos do álbum é a música “Mais Uma Vez“.
Em seguida, veio Incondicional lançado em 2006 pela Breta Music, com distribuição da Universal Music. O álbum teve como primeiro single a música “Radio“, além de contar com a regravação da música “Mais Uma Vez” e uma versão de “Apenas Mais Uma de Amor“, do Lulu Santos.
A banda participou das gravações do DVD Zero KM, especial que conta com shows das bandas Dibob, Luxúria, Ramirez e Seu Cuca e foi lançado em 2007.
O fim e o recomeço
Ainda em 2007, veio o anúncio do fim da banda, que avisou que antes do fim lançaria um último álbum e faria uma turnê de despedida. O terceiro e último álbum do Emoponto, Trilogia: Parte III, foi lançado em 2008.
Depois do fim da banda, em 2009, veio uma notícia muito triste para os fãs do Emoponto: o guitarrista Marcelão havia falecido. As chances de a banda voltar após o ocorrido eram muito baixas, mas eles fizeram alguns shows de reunião sem a promessa de voltar.
Mas para a felicidade dos fãs de emo, em 2020 a banda anunciou seu retorno à ativa, e desde então vem relançando músicas com nova roupagem e em formato acústico, e no mesmo ano lançou um single com participação do Lucas Silveira (Fresno) chamado “Natal“.
Em fevereiro de 2021, o Emoponto fez um festival em formato de Live chamado Rio Rock Tour Online 2021 e em seguida lançou um EP homônimo com as músicas que foram apresentadas na live. Também em 2021, a banda lançou uma versão da música “O Mapa da Mina“, do Rumbora, com participação especial de Alf Sá.
Fresno, a realeza do emo
Formada no início dos anos 2000, a Fresno se consolidou, cada vez mais, como a maior banda de emo nacional, e é uma das bandas que mais sofreu preconceito por seguir o estilo emo bem à risca em uma época em que as pessoas juravam não ser emo – como se fosse algo ruim – o que não fazia o menor sentido.
O primeiro trabalho lançado foi a demo O Acaso do Erro (2001), já o primeiro álbum independente, Quarto dos Livros, veio em 2003, e conta com uma das músicas mais queridas dos fãs, “Stonenhenge”. Em 2004, a banda lançou seu segundo álbum, O Rio, A Cidade, A Árvore.
Ciano levou a Fresno aos holofotes
Mas foi com seu terceiro álbum de estúdio, Ciano (2006), que a banda teve seu primeiro sucesso estrondoso: “Quebre as Correntes” veio como um hino certeiro no coração dos jovens emos que assistiam a MTV.
Outro grande sucesso do Ciano foi “Alguém que te faz sorrir“, mas na opinião dessa que voz escreve, o verdadeiro hino de Ciano é “Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco Das Minhas Lágrimas“. Em 2008, quando o álbum Redenção foi lançado, a banda já tinha uma legião de fãs, e “Polo” e “Uma Música” não paravam de tocar nas rádios e a banda recebeu certificado de Disco de Ouro.
Esta também foi uma fase de grandes mudanças no estilo da banda. Em 2009, veio o primeiro DVD da banda, O Outro Lado da Porta, que traz grandes sucessos da banda até seu lançamento.
Em 2010, a Fresno lançou o álbum Revanche, marcado por mais uma mudança de estilo, dessa vez a aposta era num som mais pesado. Um dos destaques desse álbum é a música “Eu Sei“.
Em 2011, a banda rompeu seu contrato com a Universal Music e voltou a ser independente, além de lançar seu EP Cemitério das Boas Intenções, que traz ainda mais peso nas músicas do que o álbum anterior.
O sexto álbum da banda, Infinito (2012), foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs e é conhecido, até hoje, como um dos álbuns mais bem trabalhados e ambiciosos da banda. Entre os destaques desse trabalho impecável, estão as músicas “Maior Que As Muralhas” e “Diga, parte 2“
Em 2014, a Fresno lançou seu segundo EP Eu Sou a Maré Viva, cuja música “Manifesto” conta com a participação de Lenine e Emicida. O sétimo álbum A Sinfonia de Tudo o que Há (2016) é um disco mais maduro e muito bem amarradinho e tem como destaques as músicas “Poeira Estelar” e “O Ar“.
A banda que sempre se reeinventa
A banda se reinventou mais uma vez e lançou o oitavo álbum da carreira, Sua Alegria Foi Cancelada (2019), com destaque para as músicas “O Arrocha Mais Triste do Mundo” e “Natureza Caos“.
Atualmente, a banda está com a turnê que leva o mesmo nome do seu mais recente álbum, Vou Ter Que Me Virar, que conta inclusive com a faixa “Já Faz Tanto Tempo” com a participação de Lulu Santos. Depois de um show poderoso no festival Lollapalooza deste ano, não é exagero dizer que Fresno é o momento!
Foram 9 álbuns de estúdio, 2 EPs, 3 álbuns ao vivo em mais de 20 anos de carreira, além do especial MTV ao Vivo: 5 Bandas de Rock. Se muitas das grandes bandas emo brasileiras decidiram parar pelo caminho, a Fresno, mesmo com diversas mudanças de estilo, de formação e muitas reinvenções, portanto, segue firme e forte neste que é o maior momento de sua carreira de mais de 20 anos de estrada.
Strike brilhou no pop punk nacional
Formada em 2003, a banda mineira Strike fez muito sucesso com músicas que remetem ao pop punk do que ao emo.
Em 2007, veio o primeiro álbum de estúdio com músicas autorais, Desvio de Conduta. O álbum foi um sucesso desde sua estreia e teve vários hits que ficaram nas paradas musicais como “Aquela História“, “O Jogo Virou” e “Paraíso Proibido“, que inclusive virou abertura da novela Malhação durante um tempo.
O sucesso do álbum também rendeu várias indicações e prêmios como Aposta MTV e Banda Revelação do Prêmio Multishow, além de um disco de Platina.
O segundo álbum de estúdio, Hiperativo (2010) também rendeu sucessos como “A Tendência“, “Dogtown Style“, “No Veneno” e “Até o Fim“. Strike lançou o terceiro álbum, Nova Aurora, em 2012 e teve como single “Fluxo Perfeito” e “Céu Completo“, além disso o álbum contou com participações de Projota e Rodolfo Abrantes.
No ano de 2014, lançou o single “Sol de Paz“. O EP Collab trouxe uma nova versão da música, além de ter outro single de sucesso, “Acende o Isqueiro” com participação de Hélio Bentes (Ponto de Equilíbrio) e Rael. Em 2016, o Strike anunciou que entraria em hiato, mas voltou atrás.
E em 2018, lançou o EP Fênix com o single “Caso Bipolar“, com participação de Dinho Ouro Preto. Outro single com participação especial é o “Modo Acelerado ‘a banca’” com Marcão Britto, do CBJR.
Em 2020, o vocalista da banda esteve envolvido em uma polêmica relacionada a uma acusação de supostos abusos cometidos por ele. Desde então, a banda não tem lançado trabalhos novos.