Conhecido por seu trabalho como vocalista da banda de indie rock Selvagens à Procura de Lei, Gabriel Aragão faz seu primeiro mergulho solo, buscando a mesma delicadeza lírica, porém em outras sonoridades.
“Dia Cheio” é a canção inicial de seu trabalho autoral como artista solo, e mostra influências de folk e MPB acompanhadas de uma letra que ousa ser esperançosa, mesmo diante do caos do dia a dia.
“Dia Cheio” vem na sequência do lançamento instrumental “Malhada Vermelha”, álbum com a trilha sonora do curta-metragem de mesmo nome, assinada pelo artista cearense radicado em São Paulo. Agora, Gabriel antecipa o EP de canções inéditas, já apresentando seu conceito na capa do primeiro single – a sintonia com as águas e seu poder de renovação.
“Dentre as canções que escrevi durante a pandemia, sobras de músicas que não foram gravadas pelos Selvagens à Procura de Lei e novas parcerias com outros compositores, minha escolha se baseou num conceito muito específico, mas que permeia toda minha trajetória até aqui: o mar. Acho que o fato de ter me isolado na cidade de São Paulo, passado por dois invernos, com um filhinho recém-nascido, com uma vista para prédios e quase nada de luz solar e céu azul, me fez escrever não exatamente sobre o mar, mas através do mar, utilizando suas metáforas, ondas, emoções”, reflete Gabriel.
“Dia Cheio” foi inspirada por esse gostinho de recomeço. O músico e a família puderam visitar a terra natal de Gabriel após muitos meses isolados em São Paulo, e foram direto para uma casa de praia.
“Lembro que a chegada lá causou uma sensação de morrer e se perceber no paraíso. Agora a gente tinha o horizonte, o vento nos cabelos e coqueiros, o cheiro de mar, o pé na areia. ‘Dia Cheio’ é rebento desses dois períodos isolado com a família, veio com uma letra abstrata, mas pensando bem, faz todo o sentido pois reflete sobre a passagem do tempo, a nossa mortalidade, o que realmente vale a pena de se agarrar na vida. Pra mim, tem um sabor de “tamo junto”. Pouco importa se amanhã for uma rotina apressada, um dia cheio, nós estaremos juntos pro que der e vier”, completa.
Só depois de gravar “Dia Cheio”, foi que Gabriel notou um paralelo interessante: um dos sucessos com os Selvagens à Procura de Lei, quando tinha 20 e poucos anos, se chama “Tarde Livre”.
Agora, com a chegada dos 30 e da carreira solo, vem “Dia Cheio”, um retrato fiel da adultez e da paternidade.
“O final da canção carrega elementos muito diferentes como ‘sol poente’, ‘navios’, ‘pontes e correntes’, ‘espírito’: tudo junto e misturado. Penso que muitas vezes não cabem às palavras a definição de emoções complexas e pontuais, então esse final que não quer dizer quase nada, pra mim, diz tanto, mas tanto, que parece caber o mundo do dia que escrevi essa música”, sintetiza.