Texto e entrevista por Letícia Pataquine e Fernando Oliveira.
Bullet Bane é sinônimo de mudança. A banda que começou no hardcore cantando em inglês (nos álbuns New World Broadcast (2011) e Impavid (2015)), mudou seus arranjos e influências, cantou em português (Continental (2017)), trocou seu vocalista, mostrou amadurecimento e o início de uma nova fase (Ponto (2020)) e agora traz novos elementos sonoros, sintetizadores e vocais marcantes em seu novo álbum, BLLT, lançado nesta sexta-feira (6).
BLLT contém 8 faixas e uma participação mais do que especial de Lucas Silveira. E é sobre as mudanças de sonoridade, o novo disco e o show de lançamento que acontecerá dia 21/5 na Fabrique, que conversamos com Renan Garcia, baterista do Bullet Bane, que também é formado por Artur Mutanen (vocal), Danilo de Souza (guitarra), Rafael Goldin (baixo) e Fernando Uehara (guitarra). Confira a entrevista a seguir.
Quais as principais mudanças que vocês enxergam do “ponto” para o “BLLT”?
O Ponto foi um disco de transição. É o primeiro álbum com o Arthur, e todos nós entendendo o funcionamento e criando uma ligação mais forte. Tanto que esse é um dos significados por ele se chamar Ponto: um álbum que seria onde acaba um ciclo e começa o outro. O BLLT já chega mostrando a cara de como são os 5 juntos. A palavra que eu definiria o “BLLT” é UNIDADE.
Nas redes sociais, vocês comentaram sobre esse disco representar uma nova fase para a banda, o que mudou, ou, o que deve mudar daqui pra frente?
Mudou o jeito de pensar em alguns quesitos. O jeito de compor, o jeito de enxergar a banda, de ter coragem para experimentar qualquer elemento que a gente quiser usar.
O BLLT é o primeiro álbum da banda em que vemos com mais força elementos de música eletrônica, sintetizadores, etc., e isso vem sendo uma tendência no rock em geral nos últimos anos. Quais foram as inspirações pra trazer esse tipo de elemento pra dentro do som do Bullet Bane?
A referência é exatamente essa. São elementos que vêm com mais força nas músicas. Escutamos muitos artistas que exploram esses elementos, e isso desperta uma vontade de caminhar por esse lugar também. Sair um pouco fora daquele “padrão de rock” de usar apenas “guitarras, baixo e bateria”. A vontade de explorar e caminhar por novos lugares é um sentimento que não se pode deixar morrer.
Com todas essas mudanças, tanto na formação quanto na sonoridade, dá pra ver q vocês são versáteis e não têm medo de experimentar novos sons. Pensando nisso, há alguma coisa bem diferente que vocês gostariam de fazer como músicos, mas não fizeram ainda por alguma razão? Pode ser uma parceria, um som completamente diferente do Bullet, enfim, qualquer coisa, e se vocês acham que pode rolar em algum momento ou não.
Acredito que estamos fazendo. O álbum BLLT vai se diferenciar bem dos trabalhos anteriores. E a nossa previsão é sempre quebrar essa barreira, fazer o que der vontade sem se preocupar.
A maioria das letras desse disco tem um cunho bem pessoal, sobre conflitos internos, medos, inseguranças… temas muito relevantes em um momento em que o assunto saúde mental tem sido tão presente na vida das pessoas. A ideia era trazer identificação e proximidade com os fãs através dessas temáticas? Quais foram as inspirações pra essas composições?
Todas as letras são do Arthur, e são uma extensão do que sentimos. Fico muito feliz em ver que algo que nós fazemos de coração reflete tanto nas pessoas que nos acompanham e se aproximam. Música que é feita com sinceridade e sentimento atinge pessoas.
O álbum traz apenas uma participação, do Lucas Silveira (na faixa 7, “Lembro Quando Começou”). Como foi trabalhar em uma música com um cara tão relevante pro emocore nacional e com a bagagem que ele tem? E como surgiu a ideia dessa parceria?
Sem dúvidas, o Lucas é um dos artistas brasileiros que mais admiramos. Gosto demais dos arranjos, da criatividade e de como ele enxerga a música. A parceria surgiu de forma natural, com uma admiração mútua do trabalho e a vontade de estar juntos. Mandamos a música para ele praticamente pronta, e ele gravou a parte dele, completando aquela atmosfera e interpretação mais emocional da música.
Como surgiu a ideia para o clipe de “Pra não ter que enxergar onde errei”?
O Roberto Neto (Robertinho) é amigo do Arthur de muitos anos. Já fizemos o clipe da música “Contra Maré” juntos, durante a pandemia. A relação entre nós foi ganhando mais carinho e confiança pelo excelente profissional que ele é.
Meses atrás ele foi em um ensaio, viu a música “Pra não ter que enxergar onde errei” e falou que a gente precisava fazer um clipe juntos. Esse clipe teve a participação de muitas pessoas envolvidas na produção. O que fez esse clipe se transformar em um verdadeiro filme foi a vontade e dedicação de todos que estavam participando. Ficamos absurdamente felizes com o resultado.
A faixa 2 (“Esse Vazio Ocupa Tanto Espaço”) e a faixa 6 (“Organizando Meu Vazio”) parecem contar uma história sobre alguém se sentindo vazio e tentando organizar esse vazio… a ideia do BLLT é ser um disco conceitual, que conta uma história como a que vemos no videoclipe que vocês lançaram? E como surgiram essas duas músicas com tema parecido?
A vida imita a arte ou a arte imita a vida? Acho que refletindo isso a gente percebe que, às vezes, tudo é uma coisa só.
O que os fãs podem esperar do setlist do show de lançamento do álbum? Teremos participações especiais no show?
Ainda estamos fechando alguns detalhes para o show. O setlist deve passar pelo “BLLT” inteiro, pelo “Ponto” e algumas outras músicas dos álbuns anteriores. O que eu posso garantir é que vamos entregar um show bem bonito, cheio de climas, com olho no olho e muita energia.
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E vocês, já ouviram BLLT? Ouça no player abaixo e se ainda não garantiu seu ingresso para o show do dia 21, compre aqui.