Texto por Fernando Oliveira e Letícia Pataquine
Fotos por Paola Oliveira.
Na última sexta-feira, dia 1/4, nenhuma mentira seria contada no Hangar 110. O suor, as lágrimas e até as tretas foram de verdade.
Esse evento, que contou com a participação das bandas Magüerbes, Fistt e Garage Fuzz, deveria ter acontecido dia 5 de fevereiro, mas por conta da quantidade de casos da variante ômicron, foi transferido para o dia 1º de abril.
E essa não foi a única mudança no evento, já que, inicialmente, o line up incluía Sugar Kane, que foi substituída de última hora pelo Fistt, pois Alexandre Capilé, vocal do Sugar Kane, pegou Covid às vésperas do show.
A casa teve uma excelente atitude para reverter a situação: além de chamar a Fistt para tocar, o público ganhou um voucher para ver Sugar Kane (e bandas a confirmar) gratuitamente no dia 30/4.
Com tudo isso, a ansiedade para ver todas essas bandas de volta ao palco do Hangar 110 depois de 2 anos era muito grande e, às 20h, Magüerbes subiu ao palco. Ou melhor, parte da banda subiu ao palco, já que o vocalista, Haroldo Paranhos, cantou, dançou e fez a festa no chão, junto do público, que o abraçava e cantava junto com o frontman, visivelmente emocionados com o retorno da banda aos palcos.
O Magüerbes aproveitou a apresentação para trazer alguns singles do novo álbum, Rurais, que tem previsão de lançamento ainda para 2022. A música que mais chamou atenção foi “Sem Gelo”, que foi cantada por alguns fãs da banda mesmo antes de seu lançamento oficial.
Além das novas músicas, o Magüerbes também tocou músicas do seu último trabalho lançado, Futuro (2015), o single “Passo a Passo” e, também, a já tradicional música de fechamento dos shows da banda, “Qual seu real valor”, que, dessa vez, veio junto de um cover de “Blackout”, do Turnstile, substituindo “passional”, da menores atos, que era costume em outros shows.
Depois, com uns minutos de atraso, a lendária Fistt começou seu show, que, por conta desse atraso, foi mais curto, mas não menos intenso! Com hits rápidos e clássicos, a banda animou o público desde a abertura, com “Hardcore na veia” até o encerramento, com “Menininhas”, um dos hits da banda.
Rolou bastante interação com o público, que sabia quase todas as letras, e momentos inesquecíveis como a participação de Fabrizio Martinelli, que já tocou na Fistt, em uma das músicas e a emoção mais do que visível do baixista (temporário, como ele mesmo se intitula no Instagram) Vinicius Vieira, dizendo a todo momento que aquele era o sonho dele.
Apesar de arrancar risadas da banda e do público, Vinicius não estava apenas brincando. Afinal, você já imaginou ser chamado para tocar em uma das bandas mais lendárias do hardcore nacional em uma casa icônica para o segmento? Era isso que estava acontecendo com Vinicius naquela noite, e também com Victor Franciscon, novo vocalista da Garage Fuzz.
Victor, que já foi vocal do Bullet Bane, e faz parte da banda Dharma Numb, foi convidado, na metade de 2021, pelo Garage para substituir o antigo vocalista, Alexandre Cruz, que deixou a banda depois de 30 anos de estrada, ao ter que se mudar para outro país.
Por ter entrado na banda durante a pandemia, os shows com a nova formação demoraram a acontecer – o primeiro foi em Santos, no Fuzz Fest, em dezembro de 2021 – e o show no Hangar, previsto para fevereiro, foi adiado.
Enfim, na noite do dia 1/4, o Garage subiu ao palco, às 22h, e quase colocou o Hangar 110 abaixo. Com um set de 20 músicas (que aumentou a pedido do público, que não queria deixar a banda ir embora), o Garage apresentou seus clássicos, como “Tireless On Fire”, de 1998, e “A Mutt Running Nowhere”, de 2005, até as músicas novas, do EP Let The Chips Fall, de 2021, já com Victor no vocal.
Durante o show, a emoção e felicidade de Victor eram visíveis, mas ele ainda fez questão de repetir isso várias vezes, demonstrando muita gratidão por fazer parte da banda e dizendo que estar ali era o que tinha recarregado suas energias para viver.
Apesar do clima bom, a emoção do público também era grande e, em um certo momento, ficou à flor da pele, acontecendo um desentendimento entre algumas pessoas. Victor até desceu do palco em uma das músicas para acalmar os ânimos.
Um momento chato, mas que não apagou o brilho das bandas e nem desanimou quem foi ao Hangar aquela noite e que foi embora pra casa já com vontade de voltar.
E aí, estava nesse show? Perdeu e gostou da resenha? Comente!