Depois de 2 anos de espera, a nona edição do Lollapalooza aconteceu no último fim de semana, de 25 a 27 de março, no Autódromo de Interlagos.
E foi imensa: ao todo, 302.235 pessoas curtiram mais de 68 horas de música nos três dias do festival. Na sexta (25), foram 100.980 pessoas. O sábado (26) contou com 103.000 pessoas e o último dia, domingo (27), teve 98.255 pessoas.
Estivemos por lá nos três dias de festival e vamos contar agora pra vocês tudo o que conseguimos ver dos shows! Confira!
Sexta, 25/3
Chegamos cedo, durante o show do Detonautas Roque Clube, que inaugurou o palco Budweiser, palco principal do festival. Tico pregou palavras de positividade e até dançou um funk em homenagem à Anitta, que naquele mesmo dia se tornou a primeira brasileira a chegar no top global do Spotify.
Aliás, Anitta também foi citada no show da Pabllo Vittar, depois que a queen cantou a música “Na sua cara”, parceria das duas com Major Lazer.
Outro destaque do show de Pabllo Vittar, além do próprio destaque que é a presença de palco da drag e seus dançarinos impecáveis, foi o gesto em L com as mãos e a cena de Pabllo levantando uma bandeira com o rosto do ex-presidente Lula estampado. Foi justamente ali que começou a polêmica censura do governo federal em cima do festival, já que o presidente Jair Bolsonaro disse haver propaganda política antecipada no show, proibindo manifestações a favor de outros candidatos – o que não proibia manifestações contra o atual governo, como veremos mais pra frente nessa resenha.
Entre Vittar e Detonautas, assistimos outro show esperado do festival: a banda de hardcore Turnstile, que já tinha se apresentado na Lolla Parties no Cine Joia e entregou um grande show na sexta-feira, agradando aos muitos fãs que a banda já tem no Brasil.
Outro show que era bem esperado era o de The Wombats, porém este foi interrompido pela forte tempestade que caiu durante a tarde, o que atrasou outros shows.
E se os fãs de hardcore ficaram felizes com Turnstile, mais ainda ficaram os fãs de pop punk, com Machine Gun Kelly, um dos nomes mais bombados do gênero atualmente. O cantor que já havia se apresentado no ônix day, um dia antes do festival, lançou seu novo álbum, mainstream sellout, no dia 25 e fez uma sessão de autógrafos na Galeria do Rock. Inclusive, ele tocou 4 músicas do disco novo no show: “Ay!”, “Maybe“, “Emo Girl” e “Papercuts”, além de um cover de “Misery Business” do Paramore.
E encerrando a noite, 5 anos depois da última vinda ao Brasil (no Lollapalooza, inclusive), os Strokes subiram ao palco, intercalando hits de todos os álbuns e apresentando as músicas do último disco: The New Abnormal, que saiu em 2020, no início da pandemia. Alguns acharam que o show foi ruim, com Julian Casablancas errando ou modificando várias letras, jogando o microfone no chão antes de sair do palco e pelo momento em que o vocalista pediu que Fabrizio Moretti (baterista) falasse em português com a plateia, o que não aconteceu muito.
A verdade é que os Strokes nunca foram uma banda performática, então, para fãs mais antigos, o show não deixou de ser emocionante e memorável.
Saindo do primeiro dia de Lolla, o público teve uma triste notícia: a morte de Taylor Hawkins, baterista do Foo Fighters, que seria headliner do festival no domingo.
Sábado, 26/3
No sábado, nosso dia começou com A Day to Remember, que fez um belíssimo show no fim da tarde no palco ônix. Havia muita gente com a camiseta da banda circulando pelo festival, provando que eles foram um dos nomes que chamou mais público para o evento, junto de Alexisonfire (que também dominava o logo das camisetas ao redor do evento), banda com a qual o ADTR dividiu uma Lolla Parties, e que se apresentou no palco Adidas às 21h30, mesmo horário da headliner Miley Cyrus.
Por conta dos horários, o show da Alexisonfire ficou com público bem menor, mas isso não diminuiu a intensidade da apresentação. Inclusive, pra quem nunca tinha visto um show da banda, como essa pessoa que vos fala, ficou mais do que explicado a comoção que foi a vinda da Alexisonfire para o Brasil. Que show!
Mas saindo do show da Alexisonfire, vimos parte da apresentação de Miley Cyrus, que entregou tudo o que os fãs de uma diva pop querem e mais: feat. com Anitta em “Boys Don’t Cry”, pedido de casamento entre dois fãs, homenagem ao Taylor Hawkins e um público IMENSO cantando TODAS as músicas (isso mesmo, em caixa alta).
Nesse mesmo dia demos uma passada pelo palco Perry’s by Doritos e pudemos ver WC no Beat empolgando o público misturando rap e funk, com participações de MC TH a Haikaiss, e também o DJ Alok, que fez um show recordista em luzes e fogos de artifício.
Sábado também foi o dia em que A$AP Rocky tocou no palco Ônix. O rapper entrou com atraso e também terminou o show mais cedo que o esperado. Foi um bom show, agradou aos fãs, mas poderia ter tido um setlist maior.
No fim da tarde de sábado, a produção do festival anunciou quem enfim substituiria o Foo Fighters na noite de domingo, surpreendendo com a escolha de Emicida e Convidados + Planet Hemp.
Domingo, 27/3
O último dia de Lollapalooza estava mais rock’n roll do que os outros. Muitos fãs do Foo Fighters foram ao festival usando a camiseta da banda como forma de homenagem, e dividiram espaço com os que usavam camiseta da Fresno e do Idles.
Uma tarde que começou com o rock triste (no melhor sentido do termo) de menores atos, só podia anteceder um excelente show de outro rock triste: a Fresno, que começou atrasada por conta do risco de tempestade que paralisou o festival por algumas horas, mas que entregou hits clássicos da banda, como “Quebre as Correntes” e os novos sons do último álbum, Vou Ter Que Me Virar, contando até com a participação de Lulu Santos, que junto da banda mandou um “Fora Bolsonaro” e pediu o fim da censura.
Importante dizer que por conta da chuva, o domingo perdeu dois excelentes shows nacionais que foram cancelados de última hora: Planta e Raiz, no palco Adidas, e Rashid, no palco Budweiser. Esperamos que eles possam se apresentar na edição do ano que vem!
Voltando ao tópico das camisetas de banda, como dissemos, o Idles teve sua estampa marcada em vários looks do festival, mas, apesar de estar no palco principal, fez um show com menor público, já que no palco Adidas a mineira Marina Sena cantava seu hit “Por Supuesto” e outras “músicas delicinhas” do seu álbum De Primeira.
Mas a vibe “público menor” no show do Idles só melhorou a experiência punk rock old school da banda. Foi divertido ver que até pessoas que estavam na grade perguntavam para as outras “quem é essa banda?” “como é o nome dessa banda?” e se chocarem com a insanidade (no bom sentido) dos caras de Bristol, que se jogaram no público, se manifestaram contra o fascismo, homenagearam Taylor Hawkins, fizeram muito barulho e distorção e cantaram até Mariah Carey e Sinead O’Connor durante o show. Pra quem curte punk rock, foi um dos melhores shows do dia e, ouso dizer, do festival todo.
Black Pumas se apresentou no palco Ônix sem nenhuma concorrência nos outros palcos, o que ajudou a ser um dos shows com maiores públicos, mas isso não é a única razão, já que o público gigante sabia cantar muitas músicas da banda, incluindo o hit “Colors” que encerrou a apresentação.
E ali do lado, no palco Adidas, Djonga fez mais um de seus shows icônicos, desobedecendo às ordens do presidente, xingando-o muito, inclusive, e se jogando no público ao final da apresentação.
Depois da nostalgia com The Libertines, que assim como os Strokes, estouraram no início dos anos 2000 com a onda indie rock da época, a noite se encaminhou para o final do festival e, enquanto muitos foram ver Gloria Groove e Alesso no palco Perry’s, um vídeo do próprio Perry Farrel, visivelmente abalado, foi transmitido no telão do palco Budweiser.
Perry falava da sua relação com Taylor Hawkins, que era um fã de Jane’s Addiction e que se tornou um grande amigo. No fim do vídeo, a esposa de Perry mostrou um áudio de Taylor, enviado na quinta-feira, falando que eles iriam se encontrar domingo em São Paulo.
Com o público emocionado, Michele Cordeiro e Monica Agena, integrantes da banda de Emicida, começaram a tocar uma versão de “My Hero”, e foram acompanhadas por Emicida e Rael, que deram início a um pocket show de rap, com participações ilustres de Bivolt, Drik Barbosa, Criolo, Ice Blue e Mano Brown.
Assistindo, o público se dividiu entre aqueles que curtiram o show e aqueles que não entenderam a súbita mudança de um tributo a Taylor Hawkins para um show de rap nacional.
Mas, depois de algumas músicas, o verdadeiro headliner da noite começou: Planet Hemp, banda liderada por Marcelo D2, que traçou um paralelo entre a história do Planet com a do Foo Fighters, já que a banda perdeu um de seus fundadores, o rapper Skunk, quando começaram a fazer sucesso nos anos 90: “Quando a gente perde um companheiro de banda, a gente perde uma parte do nosso sonho”, disse D2.
Entre os clássicos da carreira, Planet discursou sobre política, tocou uma música do próximo disco (em parceria com Criolo) e até uma cover de Ratos de Porão. Depois, o evento se encerrou com a participação de Ego Kill Talent, banda que abriu um dos shows do Foo Fighters no Brasil e que prestou uma homenagem à banda.
O show que encerrou o festival foi impecável, desde a apresentação dos rappers ao tributo com Ego Kill Talent, porém, é fato que destoou muito do que os fãs do Foo Fighters esperavam, desagradando parte do público. Talvez se o festival tivesse feito, de fato, um grande tributo ao Taylor, com Ego Kill Talent e outras bandas de rock tocando Foo Fighters, poderia ter agradado o público de forma unânime, mas é preciso entender que tudo foi ajustado de sexta para domingo, ou seja, em um curto período, e conciliando a agenda dos artistas.
Mas, uma coisa é certa: seja rock, hip hop, eletrônica, funk ou pop, a música é o que conectou todos os presentes no Autódromo de Interlagos neste último fim de semana e, entre shows memoráveis e o adeus a Taylor Hawkins, marcou o retorno dos festivais ao Brasil em uma edição história do Lollapalooza. Já estamos com saudade e ansiosos por 2023!
E você, curtiu o Lolla presencialmente ou pela TV? Qual o melhor show do fim de semana? Comente!
Show de bola a matéria!! Parabéns!!!
Obrigada!! <3