No último dia 10, o tão aguardado segundo EP da Metade de Mim saiu. Com quatro faixas, Depois de tudo que eu passei é o início de um novo ciclo para a banda, que neste novo trabalho reafirma que já nasceu pronta.
Com o single “Você não sabe o trampo que dá”, aliado aos trabalhos anteriores da banda, já podíamos prever um EP que escancarasse ainda mais o tom confessional que a Metade de Mim sabe usar em suas músicas muito bem, mas Depois de tudo que eu passei veio melhor do que nossa expectativa, com quatro músicas viciantes e que se encaixam em momentos diversos que acontecem com todos nós.
O EP, produzido por Gabriel Arbex e masterizado e mixado por Gabriel Zander, começou a tomar forma antes mesmo da pandemia, e foi finalizado somente nos últimos meses de 2021, no processo de distanciamento social. Ao longo dos meses, os integrantes puderam interiorizar cada batida, riff e estrofe das canções, aprimorando e gravando.
Trocamos uma ideia com Renan Salles, vocalista da Metade de Mim, que nos contou um pouco sobre o processo criativo da banda neste EP.
“Falando das composições em geral, os processos são bem parecidos. Quase sempre surgem de algum riff de guitarra, normalmente um looping de 4 tempos, e aí já pensamos em uma melodia de voz e letra em cima disso. Na sequência, normalmente eu (Renan) e o Gila nos sentamos com um violão e começamos a evoluir com a letra e as próximas partes da música, tentando definir ali uma estrutura, para depois voltar com a banda para o estúdio e começar a executar e rever os detalhes.”
E quanto às letras, que são um destaque nos trabalhos da Metade de Mim, Renan diz: “De início a gente tenta captar o sentimento que aquele riff traz, e começa a casar instintivamente o tema que vai ser abordado. Mas isso é quase natural, quando começa a tocar a nota parece que já vem na mente uma primeira frase com melodia. E aí, na sequência, é relembrar algumas histórias vividas ou alguns sentimentos para botar pra fora.”
Depois de tudo que eu passei é o segundo EP da Metade de Mim, que está na ativa desde 2019, e sucede o impactante Volte, a Chuva Acabou, lançado em março de 2020. Sobre as diferenças entre um material e outro, em termos de influências, Renan vê pouca diferença:
“Em questão de referências, não temos grandes mudanças em relação ao EP anterior, mas de alguma forma eles soam um pouco diferentes pra gente. Acredito eu que o teor das letras esteja um pouco mais carregado, um pouco mais triste. As composições foram feitas em sua maioria no começo/meio da pandemia, com a gente meio separado, então imagino que isso tenha ajudado bastante nesse ponto.”
Já sobre o processo de gravação – um EP saiu no início da pandemia e o outro em meio à pandemia –, o vocalista já vê mais pontos diferentes:
“No EP anterior nós fizemos a nossa pré-produção sozinhos e entramos em estúdio direto para gravar. Claro que uma vez no estúdio, o Bill nos ajudou muito a chegar onde queríamos e somos muito felizes com o som que tiramos no Volte, A Chuva Acabou. Mas dessa vez tivemos um carinho maior nesse sentido e mais tempo para trabalhar as músicas. E o Arbex produziu o EP com a gente e fez todo um trabalho de pré-produção. Ele nos guiou por alguns meses até encontrarmos o que precisávamos. O que posso dizer é que agora não nos imaginamos voltando para estúdio sem um produtor conosco rs.”
E o resultado desse tempo maior e da produção do Arbex foi um EP cheio de significados. Por isso, aproveitamos pra fazer um faixa a faixa com o Renan, que comentou cada uma das músicas de Depois de tudo que eu passei. Confira.
Faixa a faixa
- Mais uma noite no sofá: Essa fala diretamente sobre a ansiedade. Quase que uma reflexão sobre todas as sequelas que a vida já deixou e do quanto às vezes é difícil lidar com elas. E também do quanto é difícil lidar com as pessoas ao redor tentando nos dar soluções simples para problemas complexos, como esses.
- Sem Ar: Pensando com calma, “Sem Ar” é quase que uma extensão dos mesmos problemas relatados em “Mais uma noite no sofá”. Mas aqui eles são retratados de uma outra ótica, e por outros motivos. Ela fala um pouco sobre a falta de limites, o medo de errar, o medo de ficar sozinho e o medo de encarar o dia seguinte, e a vida.
- Você não vale o trampo que dá: Todo mundo tem as suas memórias afetivas. Aquele familiar que você ama, mas é um c**ão, aquele amigo da época da escola que você tem o maior apreço, mas sempre que vocês se veem você se lembra do porquê demoram tanto para se ver… Essa fala um pouco sobre isso.
- A Saudade: Nem tudo é pra sempre. Por mais que a gente tenha muita dificuldade para lidar com isso, a vida é assim. A gente se apega, faz planos, fantasia histórias, mas nem sempre as coisas dão certo. E aí volta cada um para o seu caos pessoal. A primeira parte dessa música é sobre isso, e eu havia composto com a minha esposa um tempinho antes da pandemia. A segunda parte eu terminei um pouco depois, já no meio do lockdown, e por mais que ela siga abordando o mesmo tema, o sentimento que me pegava naquele momento era a saudade de estar com as pessoas que eu amo.
Do segundo EP pro futuro
Se você curtiu o EP tanto quanto nós aqui do Musicult, deve estar ansioso por um show, né? Mas segura essa ansiedade, porque o Renan tem boas notícias:
“Nós estamos organizando uma festa de lançamento do EP, que deve rolar no comecinho de abril, mas a data ainda não está certa. Devemos ter mais notícias durante essa próxima semana. Mas posso dizer que estamos ansiosos demais para tocar (bandas, contratantes, chamem a gente rs.).
Também temos a gravação de uma live planejada para rolar em breve, e algumas composições novas sendo feitas no paralelo, mas tudo ainda sem data para gravação ou lançamento. Acabamos de lançar o EP, então, nosso foco agora é organizar a festinha de lançamento e tentar tocar um pouco por aí.”
E gente fica por aqui aguardando ansiosamente por esse show e desejando vida longa à Metade de Mim!
Siga a banda no Instagram e ouça o EP abaixo:
1 thought on “Metade de Mim: EP faixa a faixa, processos criativos e planos pro futuro”